Ou me engano muito ou ainda vão ser os Bancos, o pilar do capitalismo, a sua grande arma de controlo e de gestão de negócios, negociatas e mafiosices, o submundo do sistema sobre o qual brilham as luzes do poder, o seu cancro que o vai acabar por o corroer e matar, tanta é a ganância e a escuridão desses meandros. O caso do BPN é um primeiro exemplo caseiro, mas ou me engano muito e outros se seguirão. Começamos por levar com uma factura de 700 milhões, mas garantindo que o consórcio ao qual pertencia o banco, ainda fica com o lucro. Não deveriam as contas, de todos aqueles a quem se conhecessem culpas nos negócios ilícitos agora revelados, ser congeladas evitando-se que ainda mais capitais “fujam” para paraísos fiscais? Não deveriam os outros activos do consórcio ser também nacionalizados para diminuir o prejuízo do estado, ou seja de todos nós? Porque há-de o estado nacionalizar o prejuízo e deixar o lucro para os privados?
Esta banca que ainda recentemente apresentou lucros de centenas de milhões no terceiro trimestre deste ano, (o BES foram mais de 350 milhões), que continua a pagar impostos mais baixos que qualquer outra empresa, que surge muitas vezes associada a casos de corrupção e de negócios menos claros, (basta lembrar o caso dos Sobreiros ou a operação furacão), que ganha fortunas em especulação, é a mesma banca a quem o governo disponibiliza mais 4 mil milhões de euros. Dinheiro que não havia para dar aumentos aos funcionários públicos, para sustentar a segurança social, a saúde, a educação e todas as outras obrigações do estado para com os seus cidadãos. Fechavam museus por não haver dinheiro para pagar um guarda, Centros de Saúde por falta de enfermeiras e escolas por não terem auxiliares. Existem mais de dois milhões de pobres em Portugal e não havia dinheiro para os ajudar. Fechavam empresas e pequenos negócios e o governo nada podia fazer para o impedir nem ao desemprego e miséria que isso trazia associado. De onde surgiu agora todo este dinheiro? E o défice? E a divida publica? Nada disso é agora importante?
Até quando vamos nós deixar que o nosso dinheiro e as nossas vidas continuem a ser utilizadas como bonecos para enriquecer alguns nababos? Quando vamos exigir que todo esse dinheiro seja colocado ao serviço de todos e não só de alguns? Quando vamos exigir a nacionalização da Banca, das comunicações, dos combustíveis e de todas as actividades que forem consideradas essenciais para o futuro do país? Ontem já era tarde e é urgente que o cheiro a revolução percorra este país.