Não podia descer mais baixo. Quem tem feito a figura de arrogante e prepotente durante todo este mandato, quem tem afrontado a dignidade de tanta gente acaba vencida pelo Conselho de Escolas, orgão que ela própria criou. Hoje, aí foi votada suspensão do sistema de avaliação dos professores por uma maioria de 30 votos contra 23. Já hoje tinha mostrado não aguentar uma luta com os alunos e “clarificou” o Estatuto do Aluno, dizendo não fazer qualquer sentido, aquilo que está escrito na lei, coisa que há muito lhe diziam mas que parecia não entender. À tarde, também já considerava aberrante a quantidade de burocracia nos processos de avaliação, como se não tivesse sido ela quem a pariu, e que é necessário acabar com ela. Agora, derrotada pelos seus próprios representantes de um conselho que a devia sustentar e validar, já não está a fazer nada neste governo. Pode ir-se embora e deixar que outros mais competentes e inteligentes tentem remediar toda a porcaria que fez.
Espero, embora sem grande “fé”, que os professores entendam que com ou sem esta ministra os problemas realmente graves não ficam resolvidos. Com esta ou outra avaliação é a defesa da escola pública que tem de ser defendida. A luta não pode acabar aí. É no Estatuto da Carreira Docente e em deixar que a escola se transforme numa fábrica de mão de obra precária e barata, com as crianças a serem encerradas na escola das oito da manhã até às sete e meia da noite, vigiados por câmaras de filmar e a aprender a obedecer. A Ministra já tinha dito que o objectivo passa por só 20% dos alunos prosseguir para a faculdade devendo todos os outros seguir na via profissionalizante. Para quem possa pagar fica o poder ser-se doutor, os outros 80% serão a escola pública. Serão os futuros trabalhadores de caixa de supermercado e de Call Centers. E são hoje aqueles a quem a nobre tarefa de professor tem o dever de ensinar Português e Matemática, mas mais importante ainda a pensar, a virem a ser homens mais completos. Pesada responsabilidade esta a dos professores e é por isso que nós pais os devemos ajudar a fazerem uma escola pública, democrática e de qualidade. Com esta ou com outra Sinistra Ministra qualquer.
Arquivo de 18 de Novembro, 2008
«Manuela Ferreira Leite, presidente do PSD, admitiu ontem à noite, em Fátima, ter alguma dificuldade em passar a sua mensagem através dos meios de comunicação social. Responsabilizou a comunicação social de não passar as ideias do partido e afirmou que “não pode ser a comunicação social a seleccionar aquilo que transmite“.»
Já estou a ver as redacções dos jornais e televisões transformadas num formigueiro de atarefadas formiguinhas laranjas a cortas aqui, acrescentar ali, escrever textos e montar filmes, numa azáfama constante. Fica mal à Manelinha do Cavaco começar agora também ela a justificar os seus maus resultados nas sondagens com a comunicação social, sobretudo após uma semana em que seu entrevistas em todos os canais, jornais e revistas deste país (não sei se também chegou a dar alguma ao “Borda d’água”, mas desconfio que sim). Ninguém tem culpa se de todas aquelas palavras que jorraram da sua boca, as únicas com algum interesse noticioso sejam exactamente as que diziam respeito aos disparates que disse. Coisa que lhe agradeço, não por querer continuar com Sócretinos no governo, mas exactamente porque não imagino como seria se após essa gente tivéssemos de sofrer gente como ela. Vade retro, Satanás.