O empresário Belmiro de Azevedo afirmou que “estar empregado deve satisfazer praticamente toda a gente neste momento” e garantiu que “não há emprego para quem quer estar a passar os fins-de-semana com os pés na água”.
Segundo o “patrão” da Sonae, “nos países que têm uma relação com os trabalhadores muito mais transparente, agressiva e pró-desenvolvimento, as pessoas mexem-se mais depressa e a economia começa a trabalhar mais depressa”. “Nos países como Portugal e os nórdicos, onde as pessoas têm um discurso muito concentrado nos direitos adquiridos, qualquer dia estão agarradas a um caco muito pequenino no meio do mar e vão ao fundo com o caco”, alertou. Para Belmiro, “o direito ao emprego deve existir, mas é preciso ser empregado e é preciso que o empregador exista também. Se o empregador desaparece o barco vai ao fundo”.Belíssima essa ideia de que devemos aceitar tudo só para manter o emprego. Provavelmente se o patrão decidir que ao toque do chicote trabalhamos mais devemos até agradecer-lhe. Não se preocupe o Sr. Belmiro que quando formos ao fundo com o caco lhe vamos dar a mão para ir connosco. Esquece o Belmiro que foi em Portugal que ficou rico com o suor dos portugueses. Esta gente enquanto os trabalhadores tiverem um direito que seja, enquanto este país tiver um único sistema social não vão descansar. (Até os países Nórdicos que lhes serviram de modelo são agora vistos como perigosos exemplos pelos direitos que concedem aos seus cidadãos). Aproveitam-se da crise de que são os principais responsáveis para imporem mais precarização, aumentarem os horários de trabalho e baixarem salários. Talvez esteja na hora de lhes darmos uma respostas, exigindo mais direitos e melhores salários em troca de não lhes darmos um pontapé no cú e assumirmos a auto-gestão das suas empresas. Todos os povos têm o poder de fazer revoluções se o poder vigente se mostrar incapaz de lhes garantir uma vida digna. Já não falta muito.
Arquivo de 23 de Maio, 2009
Ruptura com o conformismo
É preciso orientar as pessoas para as coisas superficiais da vida, como o consumo e a moda. É preciso criar muros artificiais, aprisionar as pessoas, isolá-las umas das outras.
A turba tem de ser direccionada para fins inofensivos graças à gigantesca propaganda orquestrada e alimentada pela comunidade de negócios, que consagra uma energia e um capital enormes para transformar as pessoas em consumidores atomizados – isolados uns dos outros, sem a mínima ideia do que poderá ser uma vida decente – e em instrumentos dóceis de produção (quando têm a sorte de encontrar trabalho). É crucial que os comuns sentimentos humanos sejam esmagados; não são compatíveis com uma ideologia ao serviço dos privilégios e do poder, que celebra o lucro individual como valor supremo.Noam Chomsky
Quantos de nós, como eu, sentados em frente do computador ou de uma televisão, não nos revoltamos diariamente com a hipocrisia dos tempos que vivemos, com as mentiras a que somos sujeitos e com a propaganda com que somos bombardeados. Quantas coisas que nunca nos foram importantes se tornam bens sem os quais não podíamos viver, quantas ideias que nos pareciam ilógicas se tornam axiomas de tantas vezes repetidas e afirmadas. Quantos de nós sabemos que é urgente mudar o rumo das coisas e nos sentimos sozinhos e impotentes para o fazer. Quantos de nós, aceitamos a perda de direitos e liberdades, recusamos lutar por aquilo em que acreditamos pelo medo de perdermos o pouco que ainda temos. Quantos de nós temem avançar por medo do desconhecido.
Todos sabemos que esta Europa que nos impõe as suas políticas liberais e nos está a conduzir para a perda de direitos, para uma maior pobreza e uma maior subserviência perante o poder económico das grandes multinacionais. Todos sabemos que esta Europa nos está a destruir o sistema produtivo, forçando fábricas a fechar por serem incapazes de competir no mercado global, retirando-nos direitos laborais em nome da competitividade que temos de ter perante países que tratam os seus trabalhadores como escravos, deslocalizando empresas para aumentar lucros. Todos nós sabemos que os nossos pescadores viram sua capacidade de pesca reduzido para que outros possam vir limpar os nossos mares, que a nossa agricultura está a ser devastada para que outros possam vender cá os seus produtos. Todos nós sabemos isso e que durante séculos sobrevivemos como país independente. Todos nós sabemos tudo isso, mas já nos convenceram que agora só o podemos fazer dentro da União Europeia e nos incutiram o medo de que fora dela não sobreviveríamos. Lá no fundo sabemos que estamos ser vítimas de uma mistificação, mas a solidão e o medo tolhem-nos a acção.
Se este medo e este caminho nos estão a conduzir ao desemprego, á pobreza, à descriminação e à perda de todos os direitos que tínhamos não está na hora de mudarmos. Vamos fazer a Ruptura com a União Europeia e determinarmos nós o nosso caminho, proibindo os despedimentos e utilizando o dinheiro que os estado esbanja a pagar o prejuízo dos grandes especuladores e a gastar a subsidiar o desemprego, na manutenção dos postos de trabalho dos portugueses. Vamos perder o medo e ter a coragem de assumir nas nossas mãos o nosso destino, que não tem obrigatoriamente de ser um triste fado.