02
Jan
10

Chuvas, Cheias e Parvoices

As chuvas dos últimos dias alagaram estradas e provocaram danos, mas na madrugada de ontem não se verificaram as cheias previstas pela Protecção Civil. As críticas mais fortes vieram do presidente da Câmara da Régua, Foi “alarmismo”, acusou.
Na terça-feira o Centro de Prevenção de Cheias emitiu um alerta para as margens do Douro, que chegaram a subir vários metros. Na Régua, as águas atingiram os sete metros, o aviso foi levado a sério e os comerciantes foram rápidos a esvaziar as lojas e a colocar a salvo os haveres”, contou Nuno Almeida, empresário de vinhos. “É só prejuízo. Mobilizamos amigos e colaboradores para nada. Qualquer dia não os levamos a sério”. “A previsão do Centro de Previsão de Cheias errou causando um temor e alarmismos desnecessários”. O autarca, que se mostrou “aliviado” está agora receoso. É que “não há outra forma de prever a ocorrência de cheias mas numa próxima situação não sabemos se podemos acreditar ou não nas previsões”.
Vi a reportagem numa abertura de telejornal e, se havia ainda alguém que tivesse dúvidas, mostra bem a decadência da classe politica e da informação que nos é oferecida. O Presidente da Câmara está zangado porque as cheias não alagaram a cidade e os jornalistas consideram esta parvoíce como notícia de abertura de telejornal. Mais, deram-se ao trabalho de ir procurar o Ministro da Administração Interna para o questionar sobre as criticas do autarca, e que muito simplesmente, respondeu “que mais vale prevenir que remediar”. Mas não acabou por aí e ainda voltaram os jornalistas à Régua para o confrontar o Presidente da Câmara com as palavras do Ministro. Como não podia discordar lá foi dizendo que sim mas, se continuassem a anunciar que a subida das águas podia chegar aos 6 metros e depois ela não passasse de uns míseros 3 metros, da próxima vez não acreditavam nelas. Ele não disse, mas digo eu, é que se o prejuízo for feito na prevenção, nunca são pagos em apoios e subsídios como acaba sempre por acontecer com as calamidades. Quanto ao nosso jornalismo, preparado e mobilizado para relatar as calamidades previstas acabou por rentabilizar os meios com as parvoíces que encontrou. Existem certamente problemas mais importantes na Régua que podiam aproveitar para mostrar, se os “enviados especiais” fossem verdadeiramente jornalistas com alguma qualidade.


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