700 Escolas vão ter, já no inicio deste ano lectivo, implementada a vídeo-vigilância. Mais duzentas lá para Janeiro e todas as outras até ao final desse ano. Vigilância=Segurança, dizem-nos e nós queremos concordar por ser mais fácil, por nos deixar mais descansados, por acalmar o medo. O medo que esta sociedade nos faz, o medo dos assaltos, da violência, da pedofilia. O medo que está implementado por uma sociedade que não consegue eliminar os guetos, a pobreza e a ignorância. Uma sociedade que prega a comutatividade, que nos impinge o desejo de “ter” e a inveja de “não ter”, enquanto nos serve, desgraças, violência e maldade à hora do jantar.
Nós, os mais velhos, os que viveram os ideais de liberdade, estranhamos e não gostamos de ver câmaras olharem para nós por todo os lado, nos serviços públicos, nas lojas e até na rua. Não gostamos, mas vivemos no medo que nos impingiram numa sociedade que nos agride. Os mais novos, os que andam agora nas escolas, esses já vão crescer no hábito de serem vigiados, de haver sempre um olho que os observa. Vão, inevitavelmente, aprender a “esconderem-se”, a “driblar” o “grande olho” que os observa. Como será crescer, como verão o mundo todos aqueles para quem o “grande olho” que os observa é algo natural? Que tipo de homens virão a ser?
27
Ago
10
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