Um telegrama publicado pela Wikileaks, assinado pelo embaixador da altura, Alfred Hoffman, começa por lembrar as pressões a que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, estava sujeito, devido à alegada passagem por Portugal dos voos ilegais da CIA. Hoffman refere que o “normalmente inabalável Amado perdeu a calma”, num debate no Parlamento, e “ameaçou demitir-se se a oposição provasse a cumplicidade do governo”, concluindo que seria vantajoso para os interesses dos EUA “acarinhar” Amado.
A eurodeputada socialista Ana Gomes também não poupou o MNE, dizendo que “mais depressa se apanha um acariciado que um coxo”.Se se fala dos voos da CIA, não tarda nada vai aparecer o Procurador Geral da Republica dizer, uma vez mais, que o inquérito sobre o assunto vai sair na semana seguinte e o Luis Amado a afirmar, “eu fique coxo se estou a metir” sem que Deus lhe parte logo ali uma perna.
Porra, esta gente faz-me lembrar aquelas crianças que, com a boca e a cara toda suja de chocolate, teimam em dizer que não foram eles que “assaltaram” o bolo.
Arquivo de 4 de Dezembro, 2010
Alguém é coxo?
O regresso do Sá Carneiro
Há já algum tempo que venho assistindo a um sem número de livros, artigos e opiniões sobre o Sá Carneiro. (Para os mais novos e que não saibam quem ele é, posso dizer que era um politico, que foi líder do PSD, que chegou a ser primeiro-ministro de um governo com o CDS e morreu num desastre de aviação quando tentava eleger para a Presidência da Republica um assustador General Soares Carneiro). Mas, voltando ao assunto do post, a quantidade enorme de elogios, vindos de todo o lado, sobre a grandeza do pequeno Sá Carneiro que quase parece uma campanha para a sua beatificação. Até o Carvalho da Silva lhe canta odes de louvor num artido da Visão e o BE se mostra disponivel para criar mais uma comossão para avaliar se a queda do avião em Camarate foi crime ou acidente.
Que raio se passa? Porque temos nós a mania de endeusar e criar mitos sebastionicos que nunca passam disso? Porquê agora? Será que é para nos impingirem a ideia que, em tempos idos houve um politico honesto em Portugal e por isso podemos ter esperança que um dia possa aparecer outro? Será que ter mudado o nome de Areeiro para Praça Sá Carneiro a uma Praça a que todos continuam a chamar de Areeiro não é suficiente para preservar a sua memória? Será que andamos com falta de Santos novos para colocar nos altares? Alguém me explica que raio se passa?