Tínhamos um Primeiro-ministro que era mentiroso, tão mentiroso que acabou por ter de dar o lugar a um outro que se dizia paladino da verdade. Era um momento de mudança e passámos a ter um ex-Primeiro-ministro mentiroso e um Primeiro-ministro que já estava a mentir quando prometia que nunca mentiria. Hoje, acredito que o ex continua a ser o que era e ao actual não pára de crescer o nariz. O que mudou, deixámos de ter um Teixeira dos Santos para ter um Vítor Gaspar, um Pinho para ter um Álvaro, um projecto de comboio de alta-velocidade para um de velocidade-alta e os PEC´s passaram a buracos colossais. O que também mudou, para além dos boys, foi o despudor do capitalismo chico-esperto, que hoje fala na perda de todos os direitos sociais e laborais, sem terem vergonha na cara. Ah, já me esquecia mudou o discurso do Presidente da Republica que antes dizia que os portugueses não aguentavam mais sacrifícios e hoje defende e apela a sacrifícios ainda maiores.
Arquivo de 16 de Outubro, 2011
O que mudou
O montante dos cortes no orçamento da Educação para 2012 triplica a poupança que foi recomendada no programa de ajuda externa a Portugal. O Ministério da Educação e Ciência já confirmou que serão da “ordem de grandeza” de 600 milhões de euros. O memorando de entendimento com a troika, assinado em Maio passado, apontava para uma redução de custos de 195 milhões. Secretário de Estado diz que cortes anunciados pelo ministro Nuno Crato se destinam a ajustar o orçamento do sector às “possibilidades reais” do país.
Os Colégios do ensino particular e cooperativovão receber 85 mil euros por turma e vêem reforçado o financiamento por turma em cinco mil euros, em relação ao valor previsto. No total, existem 1893 turmas financiadas através deste regime, o que representa uma despesa de mais de 161 milhões.
Dizem-nos que o país está de tanga, que não há dinheiro, aplicam-se medidas brutais, quer no corte de salários, nos subsídios de férias e de Natal, aumenta-se o número de horas de trabalho em mais meia hora por dia, aumenta-se o IVA em 17% para muitos dos bens essenciais, aumentam o preço no acesso à saúde, cortam nas pensões e para poupar meia dúzia de milhões de euros cortam-se direitos e serviços essenciais. Não há dinheiro. Na educação deixam-se dezenas de milhares de professores no desemprego e contratam-se outros ao mês. Não há dinheiro, dizem. Mas, para as escolas privadas parece não faltar e, não só não cortam, como ainda aumentam a comparticipação do Estado. O sonho desta gente é um país em que saúde, ensino, reformas, bancos, transportes, luz, água, ar, empresas e serviços, tudo seja privado e financiado pelo estado. O grande sonho da mama capitalista que não só procura trabalhadores sem direitos e a baixo custo como ainda lhes quer “comer” a parte que pagam em impostos.
Chega de mentiras, hipocrisia e enganos. Não somos mercadorias ao serviço dos mercados e políticos. Somos gente que desejamos controlar os nossos destinos e ser feliz.