Está-lhe a acabar o tempo
Arquivo de Dezembro, 2011
Oh Silva. Demite-te pá.
Cavaco Silva deixou passar os oito dias de que dispunha para enviar o Orçamento do Estado ao Tribunal Constitucional. As polémicas propostas de cortes salariais à Função Pública e pensionistas, que o Presidente tinha criticado, por violarem princípios constitucionais básicos, deverão avançar com a sua bênção.
Se há personagem que mais repulsa me causa na politica portuguesa é este Sr.Silva, medroso, hipócrita, fingido, culpado e também culpado de muito do mal que aconteceu a este país. Nem consegue sequer ser coerente no que diz, nem executar a mais importante função como Chefe de Estado, o defender o cumprimento da Constituição. Afirmar ele próprio da existência de inconstitucionalidades básicas no Orçamento e depois não o enviar para o Tribunal Constitucional é inaceitavel. Podem apresentar-se todos os argumentos, da crise, do Euro, da Troika, da Merkel, da merda que quiserem, que nada poderá justificar o não cumprimento da lei fundamental do país. Aí os direitos não podem ser apelidados de regalias, como têm feito nos direitos laborais e sociais sempre que querem acabar com mais um.
Ao permitir que sejam violados direitos básicos do cidadão consagrados na Constituição, o Presidente da Republica está a quebrar o juramento feito na tomada de posse, perdendo por isso toda a legitimidade para ocupar esse cargo. Demita-se
O ano velho está a acabar sem deixar grandes saudades e o novo que aí vem já padece dos mesmos males mas agravados pelas politicas de empobrecimento que este Gaspar insiste em impor. Do velho sobra o acordar de muita gente para a necessidade de intervirem na vida deles e dos outros e para o novo que decisões posso eu tomar?
A primeira é evidente e obrigatória; a de continuar a lutar contra este governo e estas politicas, defendendo a liberdade e a necessidade de uma nova democracia. Depois há o deixar de fumar, (uma vez mais), o libertar-me mais do comodismo, passar mais tempo útil com a família, voltar a pintar, fazer uma horta e também continuar a partilhar com os outros, mais ou menos jovens, a aprendizagem, minha e deles, desta nova forma de estar em sociedade e tomada de decisões.
Não é muito, mas já não era mau.
Em Setembro, o tempo médio de espera por um exame era de 105,7 dias, mais de três meses, quando em Agosto não passava de 96,4 dias. “Há situações variáveis, depende não só das solicitações como da capacidade de resposta das unidades, mas a proibição de os hospitais recorrerem às unidades com convenção com o SNS veio piorar os tempos de espera. E é provável que ainda subam mais”.»
«”Um doente que esteja em estudo pela primeira vez, e para o qual ainda não haja diagnóstico, não pode esperar três meses para fazer um exame. No máximo um mês, e mesmo assim é variável”, afirmou José Manuel Silva, o bastonário da Ordem dos Médicos. “E se se descobre que o doente tem um cancro?”, questiona, em forma de alerta.Se tem um cancro a culpa deve ser do doente porque resolveu adoecer de ser produtivo. Acredito que haja quem considere mesmo que só adoeceu para não ter de trabalhar e viver à custa da Assistência social.
É o respeito pela própria vida que estas politicas e estes ataques ao SNS perpetrados por este Ministro e este governo colocam em causa. Quem não se lembra de ver os mesmos senhores a reclamarem das listas de espera para consultas e cirurgias defendendo o recurso ao privado se o serviço público não conseguisse atender os beneficiários em tempo útil. Hoje, que é na sua mesa que caiem as contas para pagar fazem exactamente o contrario daquilo que defendias. Até os Bombeiros já começam a recusar-se a fazer o transporte de doentes não urgentes por considerarem insuficiente o pagamento feito pelo serviço. É o próprio serviço e a saúde dos cidadãos que é colocado em causa. Aumentam as taxas moderadoras para mais do dobro e cortam na qualidade dos serviços e a Troika ainda vem exigir que se corte mais metade do orçamento destinado à saúde. Este é o caminho que vemos seguir se nada fizermos. Indignemo-nos.
Passos Coelho recentemente mandou os professores desempregados emigrar como forma de resolver o problema do desemprego. É grave, pois como disse é aceitar mandar embora os nossos quadros mais qualificados. professores e licenciados, aceitando que Portugal fique um país de mão de obra barata e desqualificada. Mais fantástico ainda tem sido a torrente de comentadores nas televisões e jornais a procurar justificar as suas afirmações com o argumento de que se não há trabalho cá é normal que um Primeiro-Ministro os mande embora.
E o futuro, o amanhã não conta?
Que este governo tem a comunicação social controlada e que não haja quem tenha coragem para o criticar já é mau, que ainda tenham de fazer o frete de vir defender a miséria como proposta para este país já me parece demais. Tenham vergonha na cara.
Um manual de pirataria
O plano de resgate financeiro da Madeira, que envolve um empréstimo cujo valor Alberto João Jardim não quis revelar, implica a transferência da gestão da dívida pública da Madeira para o Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público, proibindo a região de mais endividamento. Todos os impostos pagar pelos contribuintes madeirenses passam a ser equiparados aos aprovados a nível nacional, de que resulta um agravamento médio de 25%. “É o acordo possível, mas sem este acordo seria pior porque estava em causa a sustentabilidade da dívida pública”, afirmou.Os Madeirenses têm culpa de estarem onde estão porque elegerem repetidamente o Bicho da Madeira, mas quem são os verdadeiros responsáveis por aquilo que foi feito. Quem gastou fortunas em propaganda, festas, inaugurações, quem controlou a comunicação social, quem usou os dinheiros públicos a garantir vitórias eleitorais, quem impôs um “défice democrático” na Região, quem fez negócios chorudos, quem foi beneficiado, quem enriqueceu rapidamente, quem, quem, quem. A coisa está fresca, é possível apontar os culpados, politica, administrativamente e até criminalmente se houvesse vontade para isso. É possível porque eles estão lá e tem nomes e caras, mas lá como cá, uns servem-se e empanturram-se com aquilo que é de todos, mas na hora de pagar é aos cidadãos que entregam a conta ainda os acusando de viverem acima das suas possibilidades. Estas dividas não são nossas, são daqueles que geriram mal os dinheiros públicos e dele se serviram. Eles que a paguem.
Histórias do Zé Povinho
O Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB) da Universidade Nova de Lisboa está, como quase todos os centros de investigação, sem dinheiro. Os cortes cegos do ministro Crato, que tanta gente parece elogiar, foi a gota de água num copo cheio de problemas antigos e começa a fazer-se sentir no mais básico dos básicos. Resultado: o sofisticado sistema de refrigeração do edifício do ITQB, fundamental para o funcionamento das máquinas ali utilizadas, não podia ser renovado depois de uma avaria dos chillers. Se nada se fizesse perder-se-iam centenas de milhares de euros em equipamento e o trabalho científico ficaria paralisado.
Para resolver o problema o director da instituição fez um apelo pouco usual aos trabalhadores: que os funcionários doassem dinheiro, tendo mesmo sugerido, talvez meio a brincar, que prescindissem da metade que restava seu subsidio de Natal e o entregassem para pagar uma despesa de manutenção que cabe ao Estado. É também para este trabalho, fundamental para o nosso desenvolvimento, e não para o BPN e para cobrir benefícios fiscais à banca, que pagamos impostos. Apesar de não serem obrigados a faze-lo, 342 doadores (na sua maioria trabalhadores, colaboradores e bolseiros) entregaram 69 mil euros ao ITQB. As funcionárias responsáveis pela lavagem de material e equipamento, que não tinham folga para isso, fizeram rifas e conseguiram mil euros. (Daniel Oliveira7Expresso)
Quase 100 mil euros para o Hotel da Praia. Parece incrível, mas foi quanto o Banco de Portugal pagou para realizar um evento junto ao mar. Assim vai o Banco de Portugal, que tem uma sede gigante na avenida Almirante Reis (Lisboa) que parece não ter espaço suficiente para realizar eventos. Esta não é a primeira vez que a instituição aparece no radar da Má Despesa.Este é o mesmo Senhor que não se cansa de apelar à austeridade, ao empobrecimento e aos sacrifícios. Claro que nunca refere que o Banco de Portugal é totalmente independente do Estado pelo que não sofre dos cortes de salários e subsídios pelo que todos os outros portugueses têm de passar e decidem do valor dos seus salários, (Este ganha mais que o Presidente da Reserva Federal Norte Americana). É fácil apelar aos sacrifícios dos outros quando podemos viver na abastança e de mordomias. Correr com esta canalhada toda é urgente.
Informação e democracia
Recentemente participei numa conversa sobre novas alternativas para uma nova democracia, no Regueirão dos Anjos, organizada pelos Indignados de Lisboa. Se em comum a todos há um desejo evidente de uma democracia mais participativa e todos sabem qual o objectivo final, existe também a urgência de escolher o caminho e a melhor forma de o alcançar. Não vou aqui relatar as alternativas apontadas, as opiniões e as ideias debatidas, até porque foram muitas. Prefiro falar um pouco das razões que nos levam a essa urgência que penso serem principalmente duas. A primeira e mais lógica, as razões económicas criadas pela globalização capitalista, a subserviência do poder politico aos mercados especulativos e a sua voracidade e ganancia, sem respeito pela dignidade das pessoas nem remorsos pela pobreza, miséria e morte que causem. Um retrocesso civilizacional, nas condições de vida, dos direitos e da própria liberdade. A segunda vem das do surgimento dos computadores, da era da comunicação global e nas consequências que isso teve, não só do ponto de vista técnico e da possibilidade da comunicação e partilha da informação, como na nossa própria forma de pensar e raciocinar. Hoje temos uma forma diferente de apreender a realidade, de aceder ao conhecimento que faz com que a democracia que serviu aos nossos avós hoje e insuficiente. Hoje temos o desejo e a possibilidade de conseguir um avanço no conceito de democracia e de participação nas decisões e escolhas para a nossa vida. Por todo o mundo esta vontade surge e manifesta-se, com indignação pelas injustiças e roubos, exigindo a mudança. O mundo mudou, mas também nós mudámos e é isso que o poder teme. É esse medo que a cada grito por mais democracia eles reagem com menos liberdade e mais autoritarismo. A própria democracia que os serviu e de que se serviram para serem hoje poder, começa a ser incomoda porque não cala o protesto e a indignação, cada vez mais global e forte. Novas ditaduras ou uma ditadura global são um dos perigos que temos pela frente, mas também novas democracias, um mundo ligado nas preocupações e nas soluções, na solidariedade entre todos também está à nossa frente. Não podemos por isso ter medo e não exigir essa nova democracia, mais participativa, justa e livre.
Se há personagem na política portuguesa que se pareça mais com o companheiro da Barbie, o Ken, é o Passos Coelho. Personagem que nunca fez nada a não ser pertencer aos jotinhas do PSD, só conseguiu concluir um curso numa privada aos 37 anos e se teve vida profissional deve-o ao seu mentor político, Ângelo Correia, que lhe arranjou uns tachos como administrador nas suas empresas de lixo. Chegou a primeiro-ministro através da raiva dos portugueses para com o Sócrates e com mentiras e mais mentiras. Ultra-liberal, pouco inteligente e sem muito jeito está a conduzir o país para uma pobreza extrema e sem futuro. Uma prenda que ninguém desejava receber neste Natal.
Porque é Natal
«O ministro da Saúde, Paulo Macedo, afirmou hoje que gostaria que em 2012 todos os portugueses tivessem acesso a um Serviço Nacional de Saúde universal e com qualidade. O desejo foi assumido na cerimónia, esta manhã, em que o presidente do grupo Controlinveste Media, Joaquim Oliveira, ofereceu aos hospitais públicos portugueses a possibilidade de passarem a ver gratuitamente a SportTV.»Com o governo já de “tolerância de ponto”, deixaram ao Paulo Macedo a responsabilidade de “abrir a porta” e lá foi ele numa acção de promoção a uma empresa privada, fingir que se defende o SNS universal e de qualidade, quando todos sabemos que a sua missão passa pelo seu desmembramento e pela entrega dos serviços de saúde aos interesses privados e às seguradoras. Quem fecha urgências, serviços de saúde, hospitais, reduz médicos e enfermeiros, aumenta as taxas moderadoras em mais de 100%, vir falar de qualidade e universalidade não passa de uma triste campanha de propaganda carregada de hipocrisia. Quem deixa de ira a consultas ou não compra todos os medicamentos que necessita por não ter dinheiro sabe que é a sua saúde, ou seja a vida, que é colocada em causa.
O Gaspar odeia o Natal
Já me convenci que o Vitor Gaspar não gosta do Natal. Este ano, à revelia da Troika resolveu cortar metade do subsidio e já nos disse que para os próximos anos nem o de férias nem o de Natal. Acaba-se com isso de dar dinheiro às pessoas para gastarem além do mínimo essencial para sobreviverem. Descanso, prendas, festas, família, lazer são benefícios que devem acabar. Bom mesmo é trabalhar, trabalhar, trabalhar. Acredita certamente que esse é o segredo da vida, a razão pelo qual Deus nos criou. Trabalho, tudo o resto é acessório e desejavelmente dispensável. Os patrões aplaudem, mas parecem esquecer que na sua ânsia de tudo ganharem, muitos deles acabarão falidos por uma austeridade criadora de recessão que levará a mais austeridade, com mais desemprego, mais falências e menos dinheiro agravando a recessão que voltará a a criar a mais austeridade. Quando vai isto parar? Ou melhor, até quando estamos dispostos a deixar?
Um Presépio para 2011
Com tanta coisa a acontecer ainda nem tinha feito um presépio para animar o Natal de 2011. Pouco há a dizer sobre a escolha das personagens, tendo o papel da vaca ficado entregue ao sorriso das vaquinhas que o Cavaco tanto parece apreciar e o do Burro ao Seguro que não aparece na imagem porque anda por aí a fazer abstenção violenta.
Bom Natal a todos.
No escurinho de S.Bento
«O senhor primeiro-ministro solicitou que tivéssemos uma reunião em São Bento. Mas é minha regra de ouro nunca falar sobre as reuniões que tenho com o senhor Presidente da República ou com o primeiro-ministro», afirmou António José Seguro após abandonar a reunião em S. Bento com o Primeiro Ministro Pedro Passos Coelho.
Não sei o que estiveram a falar. mas coisa boa não pode ser. Quando se juntam secretamente um Primeiro-Ministro incapaz e obcecado pelo liberalismo com um líder da oposição que inventou a abstenção violenta e pactua com as ilegalidades do governo só pode representar mais más notícias no futuro. Vivemos num país que na classificação de qualidade de democracia desceu um nível e até já foi ultrapassado por Cabo Verde e onde os governos conspiram com as oposições em segredo para nos tramar. Que novos roubos nos querem fazer em 2012?