Arquivo de Fevereiro, 2012
Surrealismo políco-portugues
O secretário-geral do PS, António José Seguro, apresentou esta segunda-feira o Laboratório de Ideias e de Propostas para Portugal. «Não é criado em véspera de eleições para eleitor ver, é uma proposta a pensar em 2024. O resultado do seu trabalho será apresentado aos portugueses em 2015, para executar em duas legislaturas», afirmou Seguro durante a apresentação do projecto. «É necessário uma ruptura política, a começar pela própria forma de fazer a política. Este é o caminho certo, o caminho que aproxima a política das pessoas e as pessoas da política».Seria de pensar que um partido que se afirma como alternativa ao actual já tivesse soluções e ideias de como deveria ser a governação. Em 2015 onde já irá este governo e certamente não será o Seguro o líder do PS tão fraquinha tem sido a sua prestação. Também este laboratório já terá encerrado há muito.
Já agora aproveito para aconselhar o Seguro que a forma de aproximar as pessoas da politica não é juntar meia dúzia de “iluminados” desejosos de um futuro tacho numa sala a falarem, mas convocar os cidadãos para participarem nesse debate e na apresentação de novas ideias e novos caminhos. Mas isso, pressupunha que esta gente estivesse minimamente interessada na criação de novos caminhos e em aceitar que muitos dos privilégios e compadrios teriam de terminar que é exactamente aquilo que querem evitar. Mais um grupo de estudo que vai ter o mesmo resultado de todos os outros que foram criados ao longo do tempo pelas oposições; nada.
A rapaziada do Governo
Alberto João Jardim afirmou hoje que o país pode necessitar de mais ajuda financeira e considerou que Portugal precisa de medidas que coloquem a economia a crescer e não da prática de cortes “daqueles rapazinhos que estão lá no Governo”.
Quando eu concordo com alguma coisa que o João Jardim algo diz o mundo já está de pernas para o ar.
Com os cornos na parede
O líder do CDS-PP, Paulo Portas, mostrou-se contra uma eventual renegociação da dívida pública portuguesa e disse que, a verificar-se, essa opção pode levar o país a «bater na parede». Durante a cerimónia de inauguração da nova sede do CDS-PP na ilha do Faial, nos Açores, Paulo Portas afirmou à imprensa que «ou Portugal quer ser Portugal, um caso específico, um país que honra a sua palavra», ou admite «reestruturar ou renegociar a dívida» e vai «direitinho para a parede, ou dito de maneira mais clara, fica igual à Grécia».O meu conselho é que comecemos todos a andar com um capacete que a parede aproxima-se a grande velocidade. Já todos sabem e não conseguem esconder que a renegociação é inevitável e a necessidade de uma nova ajuda uma possibilidade bem real. É que por mais que o repitam, por mais que o desejem que assim não seja, na realidade somos todos gregos, como depois outros também virão a ser todos portugueses.
Ping-pong, ping-pong, ping-pong…
Vira o disco e toca o mesmo
Para além dos 767 milhões de euros que o Governo acaba de meter no BPN, pelo acordo para a sua venda ao BIC, o jornal “Público” noticia que o Governo se comprometeu com mais um empréstimo de 300 milhões de euros da CGD ao BPN, a três anos e a uma taxa de juro igual à Euribor, sem qualquer spread (ou seja, sem que o banco público ganhe alguma coisa com o negócio).A história deste banco é algo de fantástico e atravessa vários governos. Criado na era do Cavaquismo este banco dos seus amigos foi um local de bandidagem. Durante anos o roubo e a corrupção foram a prática e muitos lucraram e ficaram ricos com as trafulhices ai feitas sem que hoje sejam chamados a qualquer responsabilidade. Também quem devia supervisionar o que por ali se passava não viu nada e hoje até foi promovido a vice-presidente do Banco Central Europeu. Quando a crise trouxe ao de cima o buraco criado pelos roubos houve logo quem tomasse como imperiosa a sua salvação para evitar contágios no sistema financeiro. Um buraco sem fundo onde milhões de milhões eram enterrados sem qualquer hipótese de retorno. Finalmente chega a este governo que o decide vender a saldos por 40 milhões para depois ainda lá colocar mais de mil milhões. No total já ultrapassa os 5500 milhões o que nos custou a todos nós a roubalheira do BPN. Mais que o valor do corte nos subsídios de Férias e Natal, mais que o aumento do IVA nos bens essenciais, mais que o aumento das taxas moderadoras ou aumento dos transportes. É isso que nos estão a fazer pagar a nós enquanto dos culpados não há novidades. Do dinheiro roubado não se conhece o paradeiro ou se tenta recuperar. Nós pagamos e pronto.
Turismo diplomático
A representação dos Estados Unidos em Portugal anunciou que, a partir de Março, a embaixada em Lisboa e o consulado geral em Ponta Delgada (Açores) vão deixar de emitir vistos de imigração para portugueses, passando o processo a ser assegurado pela representação norte-americana em Paris (França) – deslocação que terá de ser custeada pelo próprio candidato.«Antecipando «um impacto muito grande na comunidade» com esta alteração da política de concessão de vistos, que entra em vigor em marco, José João Morais lamentou: «Nós aqui fazemos tanto pelos americanos, pelo Governo americano e depois tratam-nos desta maneira». Mas as culpas, frisou, são mais dos diplomatas portugueses que não têm «capacidade» para lidar com um país «muito difícil» como os Estados Unidos, que dos políticos americanos. E as mesmas culpas estendem-se a figuras como o Presidente da República e o ministro dos Negócios Estrangeiros, que «a única coisa que vêm cá [aos Estados Unidos] fazer é gastar dinheiro e passear», criticou.»
Uma surpresa para o Sr. Silva
«Estimativas do INE, quarto trimestre de 2011. O número de desempregados em Portugal atingiu os 771 mil, (14%) . É a taxa mais alta de que há memória e continua a crescer. Nos jovens, a taxa dispara para os 35%, donde um em cada três não tem emprego.
Sucede que estes números estão subavaliados. Da população activa constam 633 mil pessoas empregadas a tempo parcial. E na chamada população inactiva estão 286 mil que, embora aptos para trabalhar, não procuraram ou não conseguiram arranjar emprego. Se juntarmos à taxa oficial de desemprego este grupo de inactivos e metade dos empregados a tempo parcial, a taxa já excede os 20% e envolve mais de um milhão de pessoas.«O Presidente da República admitiu esta sexta-feira ter ficado surpreendido com os números recorde do desemprego e recusou alimentar as polémicas do cancelamento da visita à escola secundária e das suas reformas. Cavaco Silva, que arrancou com um Roteiro da Juventude, diz que os jovens empresários “são a seiva de uma economia próspera”.
Mas afinal este tal de Sr. Silva é Presidente do quê? Vive onde? O Sr. Silva, o tal mestre da ciência económica, o tal que quando fosse Presidente ia utilizar os seus conhecimentos para resolver os problemas do país, não sabe nada sobre a realidade em que ele vive. Parece que só ele é que ficou surpreendido com os números do desemprego. (O Paços Coelho vê ali pieguice, o Álvaro realça a sua incapacidade e o Gaspar teimosia e fé, como a Cristas, também já tudo se resume a uma questão de fé). Demita-se Sr.Silva, vá gozar a sua reforma para a Quinta da Coelha e ajude o o país desaparecendo.
Cegueira financeira
Os desempregados inscritos nos centros de emprego vão passar a ter um gestor de carreira, de modo a tornar mais fácil o seu regresso ao mercado de trabalho, segundo anunciou o ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, no final do Conselho de Ministros no qual foi aprovada o Programa de Relançamento do Serviço Público de Emprego. O programa prevê ainda aumentar em 20 por cento o número de ofertas captadas pelo centro de emprego e aumentar o número de colocações de trabalhadores desempregados através destes centros em 50 por cento até 2013.
Assusta-me a imagem de desempregado com “Gestor da Carreira”. Há carreiras melhores e há ministros que não merecem a que têm. Deve estar a contar com os “Pasteis de Nata” para aumentar em 50% o número de colocações de desempregados pelos centros até 2013. Se estas coisas se fizessem por decreto era tão fácil, não era?
As aventuras do Gaspar
Torneiras parlamentares
Pela segunda vez, o conselho de administração da Assembleia da República de Portugal rejeitou a introdução de água da torneira nas reuniões parlamentares e explicou a decisão com números. De acordo com a Assembleia da República, a água engarrafada servida nas reuniões da comissão do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Poder Local – sim, porque a hipótese nunca foi colocada a todo o Parlamento – custa €259 por mês.
Servir água da torneira à mesma comissão, de acordo com o Assembleia da República, custa 30 vezes mais. O cálculo incluiu os custos do pessoal “para o enchimento, limpeza, colocação e arrumo dos vasilhames”, no valor de €2,730 – dez vezes o valor da própria água mineral. O Conselho de Administração considerou também o custo dos jarros em si, e avaliou-os em €4.680.
Em que raio de lojas comprará esta gente os jarros de água e que raio de água sai daquelas torneiras do Parlamento e porque raio têm os deputados de ter quem lhes sirva água. Posso dar aqui um contributo, que cada deputado compre uma daquelas canecas de metal com um ilho de prender ao cinto agora muito em uso em festivais e acampamentos. É que, de Janeiro a Novembro de 2010, consumiram-se no Parlamento 35 mil litros de água mineral, em 45 mil garrafas plásticas de 330 mililitros, duas mil garrafas de litro e meio e 78 mil copinhos de plástico. Eu sei que por aquele parlamento anda muito camelo, mas é muita água.
PS: Já agora talvez o ilustre Conselho de Administração do Parlamento devesse contabilizar quanto custa em funcionários a encomenda, facturação, transporte, armazenamento, distribuição e recolha das garrafinhas?
Onde pára o dinheiro
Do empréstimo de 78 mil milhões de euros, Portugal recebeu até ao dia 19 de Janeiro 39.610 milhões de euros (50,8 por cento do total) do empréstimo internacional na sequência do acordo alcançado com o Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu.Pois é, está a vir e a ir rapidamente e para os cidadãos tudo o que parece restar são austeridade, sacrifícios, insegurança, desemprego, desespero, recessão, pobreza e miséria. O dinheiro não vem para reactivar a economia, para combater a recessão mas sim para pagar outros empréstimos aumentando ainda mais a dívida pelos altos juros que agora pagamos. Quando este acabar, outro virá com menos soberania e menos direitos mas com muito mais austeridade, sacrifícios, insegurança, desemprego, desespero, recessão, pobreza e miséria. O que também é menor é a esperança e a qualidade de sobrevivência dos nossos filhos e netos. Não estará na hora de procurarmos outras alternativas?
Dança da Chuva
Assunção Cristas, ministra do Ambiente, do Mar, da Agricultura e do Ordenamento do Território afirmou na comissão parlamentar de Agricultura, em resposta a questões dos deputados, que quiseram saber o que está a fazer o Governo em relação ao impacto da falta de chuva no sector agrícola. «Devo dizer que sou uma pessoa de fé, esperarei sempre que chova e esperarei sempre que a chuva nos minimize alguns destes danos. Como é evidente, quanto mais depressa vier, mais minimiza, quanto mais tarde, menos minimiza. Se não vier de todo, não perderei a minha fé mas teremos obviamente de actuar em conformidade».Umas danças da chuva talvez ajudem.
Tanto andou a falar que tínhamos de cumprir, custasse o que custasse, (a nós), as condições da Troika em nome do nosso bom nome nos mercados. Renegociar a dívida nem pensar, nova ajuda, nunca, mesmo quando todos já sabiam que isso era impossível. Já vacilou uma vez quando já admite que ainda não sabe se Portugal vai ou não precisar de algum ajustamento no plano de ajuda externa.
Subiram os impostos mas as receitas fiscais estão a baixar, os desempregados, apesar da emigração que não pára de aumentar, já ultrapassam o milhão. a recessão é cada vez mais profunda numa economia que se desfaz de dia para dia. Não sei quanto tempo mais vão esperar os portugueses para correr com esta gente. Será que as novas medidas de austeridade que este governo e as suas politicas obrigatoriamente terão de implementar será a gota de água que vai fazer transbordar o copo?