Depois de quatro dias de ocupação do Parque Eduardo VII de novo em casa e de novo na vida chamada de “real”. Li alguns comentários que por aqui foram colocados desvalorizando aquilo que aconteceu, mas para quem lá esteve foram momentos enriquecedores e a demonstração que é possível outro mundo e outra forma de relacionamento sem o peso da propriedade privada e da posse. Ver gente que vive com quase nada a partilhar o pouco que tem e a trabalhar em conjunto para o bem de todos é uma lição de vida e que juntamente com os debates, workshops e assembleias fez daquele espaço um laboratório de alternativas e uma demonstração de que a inevitabilidade da miséria e pobreza não é real. Real são as pessoas e real é a possibilidade de todos vivermos com dignidade respeitando-nos uns aos outros.
Foram quatro dias em que não li jornais, não vi televisão e não fui bombardeado pelas noticias e comentadores do regime. Hoje já sei que o desemprego bateu novos recordes e que o novo Presidente Francês ia levando com um raio em cima quando viajava de avião para se encontrar com a Fuhrer Merkel.
O desemprego só mostra o falhanço desta sociedade e mais não é que o reflexo do mercantilismo em que transformaram a politica e as nossas vidas e o “raio que quase partiu” o Hollande só me fez lembrar tanto líder, sobretudo Sul-americanos, que morreram em “trágicos acidentes” que hoje todos sabem terem sido perpetrados pelos “chacais” CIA. Claro que neste caso não me parece que o Hollande seja um caso semelhante até porque é farinha do mesmo saco do poder estabelecido, mas era uma boa oportunidade para fazer um boneco.
17
Maio
12
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