Segundo Leal da Costa, secretário de Estado adjunto e da Saúde, será necessário reduzir a cobertura até agora assegurada e deixar de pagar os tais actos de “eficácia duvidosa”. Adiantou, como exemplo “extremo”, as terapias que prolongam por pouco tempo a vida de alguns doentes de cancro. “Essa questão não se pode pôr em termos de prolongar uma semana ou um mês. A questão que se tem de colocar de forma muito clara em cima da mesa – e esse é um exemplo bom, apesar de ser um exemplo extremo – é se, por exemplo, todos os medicamentos que são autorizados para tratar cancro devem ser todos eles utilizados no Serviço Nacional de Saúde. Porventura, não.
Lembro-me de há uns tempos a Manuela Ferreira Leite ter questionado se valeria a pena gastar dinheiro a pagar cirurgias a pessoas com idades mais avançadas e propor que quem necessitasse de hemodiálise e tivesses mais de 70 anos a devia pagar do seu bolso. Agora é a vez deste Secretário de Estado que coloca a mesma dúvida para o tratamento de doentes com cancro. Para esta gente, quem não é rico, ultrapassa a idade activa e chega à reforma torna-se um fardo e a morte parece ser uma boa solução. A pergunta que faço é se não deveremos deixar morrer esses doentes ou deixar viver esta gente para quem o dinheiro vale mais que a vida.
06
Jun
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