Este Nuno Crato, que vai ficar conhecido no futuro como o Ministro que promoveu o maior despedimento colectivo da história ao deixar de fora no próximo ano mais de 10 mil professores, gosta muito de falar da necessidade de haver um maior rigor e exigência no ensino, com mais avaliações e menos facilitismo. Mas, como sempre é pela boca que morre o peixe a acaba por ser um seu colega de governo que mostra que todo esse discurso é só da boca para fora. Questionado sobre a licenciatura do Dr. Relvas começou por nada dizer, depois que a Universidade em causa seria avaliada dentro do programa de auditorias existente e na data prevista para agora nomear uma comissão que faça essa avaliação com a máxima urgência. Até poderia parecer que estava a tentar esclarecer o que se tinha passado, mas afinal a avaliação pedida é para ver se a universidade acatou as recomendações feitas na auditoria de 2009 quando a licenciatura em causa é de 2006/2007. O que parece que se pretende restaurar é a credibilidade da Universidade Lusófona, (com um bom relatório a mostrar que agora está tudo bem), e não esclarecer o caso da licenciatura. É que isto de rigor e exigência é bom para a escola pública mas pode-se fechar os olhos quando estão em causa interesses privados de amigos e colegas.
Arquivo de 16 de Julho, 2012
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Rigor e exigência
Segundo Paulo Portas, que participava no Congresso do CDS Madeira, com esta decisão do TC ( que declarou a inconstitucionalidade da suspensão do pagamento dos subsídios de férias e de Natal a funcionários públicos ou aposentados), há “um problema político” que é necessário “procurar resolver com soluções que não são simples nem são fáceis”. “Não será comigo que Portugal vai diabolizar a função pública”, garantiu Paulo Portas, considerando, no entanto: “Temos de saber e entender que, se o problema de Portugal é défice do Estado, não é justo pretender que o sector privado tem a mesma responsabilidade de ajudar”.
Temos assistido nos últimos tempos a mais uma campanha para tentar criar uma “guerra” entre quem trabalha para o Estado e quem trabalha para privados. Dividir para reinar é uma velha forma de governar e nisto este governo em nada diverge dos anteriores, A verdade é que todos nós, trabalhemos para o público ou para o privado temos sido vitimas das políticas desumanas e das medidas de austeridade deste governo. Mas, esta teoria que nos querem impingir cai pela base quando se sabe que em relação aos reformados os cortes não distinguiram publico e privado e todos viram os seus subsídios cortados. Também a desculpa de que os funcionários públicos ganham mais que os trabalhadores do privado não faz sentido quando se sabe que os cortes só se efectuam para ordenados superiores a mil euros. e mil euros são iguais para todos. Também o argumento do Portas, que só vem a Portugal quase exclusivamente para participar em actividades do seu partido, é ridícula, porque se o défice é do Estado isso não implica que tenham sido os vencimentos dos funcionários que o criaram. Um médico no hospital trabalha para o Estado, um professor trabalha para o Estado, um Juiz trabalha para o Estado, um funcionário das finanças trabalha para o Estado e todos eles prestam serviços a todos e não só ao próprio Estado. Quem geriu mal foram quem governou, gente como o Portas que comprou submarinos e carros blindados, quem fez parcerias Público Privadas ruinosas, quem deu tachos a boys e ajudou a enriquecer muitos privados. Se o problema do Portas é atribuir a responsabilidade do défice a quem teve realmente culpa e a quem contribuiu fortemente para isso estamos de acordo. Apontem-se os antigos governantes, os banqueiros, os “merceeiros e trolhas do regime” e cobre-se a eles. Esses sim é que deviam ser chamados a suportar o custo do descalabro das contas públicas e nunca quem sempre trabalhou para patrões, sejam eles o estado ou um privado, no país que desde sempre teve os mais baixos ordenados da Europa.