Confesso que este não era o boneco que tinha pensado para hoje. lembrei-me que ficaria bem uma imagem do António José Seguro, acabadinho de sair do congresso, a andar de bicicleta muito satisfeito entre flores primaveris. Só que enquanto procurava a imagem para o fazer surgiu esta e, lembrando-me do discurso do 25 de Abril do Sr. Silva, não resisti. A outra ficará para depois.
Arquivo de 29 de Abril, 2013
A Primavera Cavaquista
Gangster, vaidoso, cagão, mentiroso e esperto, são os adjectivos de que me lembrei assim de repente e aquilo que mais parece gostar é do poder. Agora parece que deu um murros na mesa durante a conselho de ministros para exigir mais algum. E claro que não o quer abandonar e tudo isto não passa de estar a preparar já o discurso futuro quando for necessário dizer que nunca concordou com muitas das opções do governo mas aceitou prosseguir em nome dos interesses do país e de um desígnio patriótico. Assim, pode chantagear um pouco o governo e enganar papalvos que ainda vão no seu teatro. E o futuro não lhe deve parecer muito sombrio, pois nunca poderá ser corrido deste governo e pode aspirar a uma futura aliança com o PS quando o Passos Coelho ruir. Sabe que não é previsível que o Seguro se venha a coligar à esquerda e só sobra ele, o que quer dizer que a raposa vai poder continuar a viver no galinheiro.
É por estas e por outras que o simples apelo a eleições parece ser um desejo pífio pois no fundo, podem mudar as caras mas tudo ficará como está. Mudam as moscas mas a merda é a mesma. Dizem os partidos mais à esquerda que não tem de ser assim, que também eles representam uma alternativa, mas a realidade continua a demonstrar que para a maioria dos eleitores não o são. Então a culpa é do povo que é burro, como já me disseram, Efectivamente é, mas porque custa tanto a esses partidos conseguir passar a sua mensagem para que tudo não se repita e tudo fique na mesma? Porque não confiam neles as pessoas para os deixar governar? Esta é a resposta que seria necessário encontrar para corrigir o discurso e a prática politica. O medo é uma das respostas possíveis, mas será a única? Não haverá também muita culpa dessa esquerda em hesitar em exigir mais? Será que as pessoas não precisam de sentir que com esses partidos no poder tudo mudaria, não só nas politicas económicas mas sobretudo na prática democrática permitindo-lhes uma maior participação na tomada de decisões? Talvez a questão acabe mesmo por se saber se essa é a vontade desses partidos. Para o Paulo Portas isso não é problema porque todos sabem que ele fala em nome dos mercados, mas para quem diz querer ser a voz do povo talvez necessite de mostrar que lhe quer dar a voz, que o quer escutar e que está decidido a acatar a sua vontade. Não é só lutar contra este governo que é necessário, lutar contra a forma como este sistema está montado que garante que o poder será sempre partilhado pelos mesmo parece ser imprescindível. Mas a nossa esquerda é tão bem comportada que até irrita.