Confesso que o Sr. Silve me surpreendeu com o seu discurso, ou no fim talvez não. Esperava que em nome da estabilidade e dos mercados viesse anunciar que o actual governo tinha toda a legitimidade para governar. Surpreendentemente veio atirar achas para a crise governativa ao recusar a proposta feita pelo PSD/CDS e ao exigir a presença do PS num futuro governo que, como todos já sabem, lhe vai fazer um manguito. PS no governo só com eleições e promete-las para Julho de 2014 não satisfaz. Então onde pode isto acabar? Recusa eleições, a sua proposta não tem pernas para andar pelo que só lhe resta manter em funções o actual governo no qual já mostrou não ter a sua confiança. Dai talvez a surpresa não ser assim tão grande e ter sido uma forma de mais uma vez, qual Pilatos, lavar as mãos das suas responsabilidades. Tentou a união e foi recusada e assim teve de aceitar um governo que não queria. Livra-se da imagem que o colava ao governo do Passos Coelho e demarca-se do novo do Paulo Portas assim como da responsabilidade quando o verdadeiro pesadelo das contas públicas for revelado e o segundo resgate obrigatório.
O que lhe pode correr mal? O Coelho ou o Paulo fazerem uma birra e baterem com a Porta. Ai, seria inevitável eleições e a crise que tanto dizia querer evitar estaria instalada de vez. Nessa altura estaria enterrado, não até aos tomates que nunca mostrou ter, mas até à ponta do nariz que não pára de lhe crescer.
Arquivo de 11 de Julho, 2013
11
Jul
13