Cavaco Silva começou por dizer que e na campanha eleitoral destas autárquicas “o esclarecimento dos eleitores foi prejudicado pela falta de clareza da legislação aplicável à apresentação das candidaturas e à cobertura da campanha eleitoral por parte da comunicação social”.
Sendo assim, continua, a campanha foi “limitada por condicionantes consideradas anacrónicas no contexto da sociedade da informação contemporânea”.
Nestas eleições vi finalmente a Comissão Nacional de Eleições tomar uma posição correcta quando obrigou que todas as campanhas de todos os candidatos tivessem coberturas televisivas idênticas. Se são todos candidatos aos mesmo cargos é justo que todos possam defender as suas ideias com as mesmas armas. Claro que as televisões protestaram e resolveram não cobrir a campanha, o que diga-se de passagem foi óptimo. Mentira, porque os grandes, para além de já terem todo o poderio de máquinas eleitorais, milhões para gastar em outdoors, cartazes, panfletos, sacos, bonés, canetas e sei lá que mais, ainda tiveram os lideres partidários a fazer campanha com as televisões atrás por todo o país, mas foi melhor que antes.
Ora, quem é que havia de sair da tumba para, em vez de se vir congratular por uma maior igualdade de oportunidade para todos, veio apelar a uma mudança da lei que crie essa mesma desigualdade. Esse é um dever de qualquer Presidente da Republica que o fosse não só de nome mas na realidade, “A campanha foi “limitada por condicionantes consideradas anacrónicas no contexto da sociedade da informação contemporânea”. Desde quando é que a igualdade é anacrónica. E porque só o consideram nestas eleições? É por terem surgido um número muito maior de candidaturas fora dos partidos? É porque temem que os cidadãos se organizem e possam em muitos casos vence-las.Mas, eu também quero que a lei eleitoral mude, mas que mude para facilitar a cidadania, a presença de mais gente com possibilidade de se candidatar, uma maior igualdade de todos apresentarem os seus programas e ideias em igualdade de oportunidades. Que a democracia se torne mais directa e transparente com os cidadãos a serem chamados a participar mais e a serem voz activa nas decisões mais importantes que mexem com a sua vida. Porque se esta lei eleitoral é anacrónica ainda mais o é a forma da democracia representativa que temos. Vivemos na era da informação. É possível conhecer a vontade de cada um de nós quase instantaneamente, é possível perguntar a cada português que decida a cada instante. Se o todo sagrado dinheiro pode circular na rede em segurança, também as nossas escolhas o poderiam fazer. Eu queria poder aprovar ou não o próximo orçamento, a lei laboral, os cortes na saúde e educação, os resgates, os tratados, tudo. Democracia mais directa e verdadeira é o caminho.
29
Set
13
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