Surpreende-me que em Portugal existam analistas e até políticos que digam que a dívida pública não é sustentável”, “Só há uma palavra para definir esta atitude: masoquismo”, afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva.
Claro que é sustentável, fecha-se mais uns hospitais, umas escolas, aumentam-se uns impostos, cortam-se uns salários e umas reformas, (menos as dos políticos e do Banco de Portugal senão o dinheiro não chega para as suas despesas), deixam-se morrer mais uns portugueses de frio e fome e a dívida é mais que sustentável. Até se pode pedir mais emprestado para financiar os seus passeios e os milhões que o Palácio de Belém recebe todos os anos. Sustentabilissima e deixem lá de ser masoquista ou queixinhas. Afinal temos mesmo é de satisfazer os mercados a Merkle a a puta-que-os-pariu-a-todos.
Faço das suas, as minhas palavras.
O maior problema de Cavaco é Passos Coelho, nem sequer o seu inimigo de estimação – Paulo Portas, é mesmo Passos Coelho. Se Cavaco sabia ou não que as promessas do miúdo de Massamá em 2011 eram para levar a sério, pouco importava, ao chumbar o PAC IV e consequente demissão de Sócrates, Cavaco sabia que Passos tinha o caminho aberto para S.Bento e assim o controlo total do sistema, pois Passos iria-lhe prestar vassalagem amiúde. A coisa vinha mesmo a calhar ao algarvio, lavava uma ou outra situação menos clara da sua vida privada (BPN), aproveitava para fazer o mesmo aos amigos e livrava-se de um incómodo (Sócrates). De seguida, com o PS “amarrado” ao memorando de entendimento, tentava aliciar Seguro a fazer pactos de regime com Coelho/Portas.
Com a “rua” controlada pela CGTP, Cavaco/Portas sabem que por aqui as coisas são sempre institucionais, certinhas e direitinhas, pois salvo uma ou outra greve sectorial e uma ou outra manifestação mais ou menos numerosa, as coisas por este lado estão sempre controladas, pois delas não advém nada de diferente, nem sequer uma escaramuçazita que tenha de meter polícia de choque. Com o BE bicéfalo, quase sem expressão e demasiado encostado ao PCP nas acções concretas de “rua”, sem poder mobilizador e bastante repetitivo na prosa, sem um líder forte que aglutine o descontentamento nomeadamente da juventude, que os resultados de domingo vieram confirmar, o BE tornar-se-há num partido residual, chamar-lhe-ia partido do Smart. (*)
O PS, bem o PS, é um partido à imagem do troca-tintismo liberal, combate a Troika enquanto oposição, mas aceita-a; combate a austeridade enquanto oposição, mas aceita-a; combate o grande capital especulativo enquanto oposição, mas aceita-o; combate a ditadura dos mercados, mas aceita-os; combate o capitalismo selvagem, mas aceita-o, etc.. É pois um partido que nem é carne nem peixe, não é nada.
Por isso, quer se goste ou não, e apesar de toda a sua postura institucional de partido bem comportado e dentro do sistema e seu acérrimo defensor, é o PCP que se mantém coerente e combativo na defesa dos direitos constitucionais do Povo.
Por isto tudo, Cavaco tem a coisa controlada, ele sabe-o bem, daí as suas análises um tanto ou quanto descabidas e fora de contexto, por vezes a roçar a estupidez.
Abraço
(*) Automóvel de 2 lugares