O primeiro-ministro Passos Coelho na conclusão da Cimeira da Nato (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em Chicago, Illinois, afirmou hoje que Portugal vai comparticipar no esforço financeiro da Nato para assegurar a operacionalidade das Forças Armadas do Afeganistão para além de 2014.
Em Portugal diz que temos de empobrecer, que não há dinheiro para a educação, cultura, segurança-social, para nada, mas lá fora oferece comparticipar no esforço financeiro para manter uma guerra em nome dos interesses económicos das grandes potências. Não há dinheiro para a saúde mas há para a morte.
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Pão ou bombas?
Brincar às guerras
Um telegrama divulgado pela WikiLeaks e enviado para Washington pelo então embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, Thomas Stephenson, arrasa os negócios do Ministério da Defesa português.
“No que diz respeito a contratos de compras militares, as vontades e acções do Ministério da Defesa parecem ser guiadas pela pressão dos seus pares e pelo desejo de ter brinquedos caros. O ministério compra armamento por uma questão de orgulho, não importa se é útil ou não. Os exemplos mais óbvios são os seus dois submarinos (actualmente atrasados) e 39 caças de combate (apenas 12 em condições de voar)”,
Nas mensagens enviadas a Washington, o embaixador passa a imagem de um país de “generais sentados”, dizendo que o Ministério da Defesa não é capaz de tomar decisões e que “os militares têm uma cultura de status quo, em que as posições-chave são ocupadas por carreiristas que evitam entrar em controvérsias”. O embaixador sublinha ainda que o dinheiro na Defesa é gasto de forma imprudente e que Portugal tem mais almirantes e generais por soldado do que quase todas as outras forças armadas.Assim se mostra a utilidade das nossas forças armadas sem força para fazer frente a qualquer armada. Assim se mostra que, como não temos nem o dinheiro, nem razões que justifiquem os muitos milhares de milhões que se gastam na sua manutenção, mais um pasto para generais que uma necessidade efectiva. A cada vez maior “policiatização” das forças armadas representa mais a necessidade de o poder as utilizar mais para se defender dos seus próprios cidadãos que de uma qualquer ameaça estrangeira. As revoltas nos países do Magrebe, com a Líbia à cabeça, são disso um bom exemplo.
Oh tempo volta pra trás…
O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, revelou que o Estado português irá rejeitar os blindados que sejam entregues fora de prazo e vai accionar as cláusulas penais (as indemnizações) em caso de incumprimento do contrato.Dos contrato de aquisição das seis viaturas blindadas para garantir a segurança durante cimeira da NATO, que decorreu a 19 e 20 de Novembro, em Lisboa, só duas foram já recebidas. Quanto à escolha de adquirir o material através de ajuste directo (por consulta e não por concurso público) foi justificada com a natureza do equipamento, com a necessidade de trabalhar com empresas certificadas e com a “urgência” da aquisição.Alguém devia oferecer um calendário ao Sr. Ministro, porque se as viaturas blindadas tinham sido compradas para a cimeira da NATO e a primeira só chegou no dia 21 de Novembro e ainda faltam chegar mais quatro, então nenhuma chegou dentro do prazo. Ou o Ministro tem o relógio a andar para trás, tem uma máquina do tempo no seu gabinete ou então a história do material ser para a cimeira da NATO está muito mal contada.
Agora que os Senhores da Guerra se foram embora Lisboa pode regressar à sua normalidade. Lisboa foi uma cidade sitiada com ruas e bairros bloqueados. Gastaram-se muitos milhões para se poder tirar fotografias de líderes mundiais a assinar acordos há muito discutidos e decididos. (Ninguém pode acreditar que uma Cimeira EUA-Russia dure 20 minutos e daí tenham saído todas as resoluções anunciadas). Retirou-se a liberdade aos cidadãos que foram tratados como criminosos, fecharam-se fronteiras e impediu-se a entrada a gente por razões ridículas como o trazerem uma fotocópia de um manifestos contra a NATO, ou T-shirts ou até um manifesto em defesa da escola pública. Fechou-se o espaço aéreo, até partes do Rio Tejo. Ridículo e triste. Vendeu-se o medo na forma de black-bloques, mostrando imagens de violência e notícias alarmistas como a da presença, já no interior de Portugal, de milhares desses elementos.
De todas estas fantasias o que resultou? Nada para além de uma despesa “milhãonária”.
Black-bloques não se viram, violência não houve, na manifestação trataram-se como animais jovens e idosos (ia lá uma fantástica senhora irlandesa de 83 anos com uma bandeira da paz), gente a quem apelidaram de anarquistas como se isso fosse crime ou pecado. Gente que desceu a Avenida, cercada por 3 polícias, fortemente armados, para cada manifestante (como afirmou o chefe da Unidade Especial). Ao som dos tambores dos Ritmos de Resistência, uns jovens simpáticos e bem dispostos, os poucos problemas que podiam ter acontecido deveram-se exactamente à megalómana ostentação de força e à forma como trataram como animais enjaulados gente que se manifestava civicamente e que em momento nenhum praticou ou mostrou querer praticar actos violentos. Foi para mim um prazer, uma satisfação e uma honra estar nesse grupo junto com essa gente.
O Porteiro da NATO
Ouvir o Sócrates a falar da Cimeira da NATO e daquilo que Portugal conseguiu, só me faz lembrar o porteiro de uma festas de gala a falar das gorjetas que recebeu. Neste caso ainda pior, a gabar-se das gorjetas que diz que recebeu, a de que a bandeira da NATO continuará desfraldada nos céus de Portugal. Não sabemos se num comando operacional ou numa guarita, mas ela lá estará….infelizmente.José Sócrtaes,
NÃO À GUERRA NÃO À NATO
NO WAR
NO NATO
NO TIME
VOLTO BREVEMENTE
Lucas Wirl tem 29 anos, prepara um doutoramento em sociologia, é alemão, pertence ao INES e foi impedido de entrar em Portugal no aeroporto de Lisboa, a meio da tarde de dia 17. Foi acusado de prejudicar a segurança nacional pois trazia consigo programas da Contra-Cimeira que vai ocorrer em 19/21 próximos, organizada pela PAGAN e pela coligação “No to War, No to Nato” e um documento onde se referia o anúncio de uma acção de desobediência civil no Rossio, para dia 18, às 16 h – uma acção de treino de desobediência civil entre activistas anti-NATO. (Este activista estava indicado como moderador de um painel sobre “Acções para a Paz” na Contra-Cimeira na sexta-feira, dia 19).
Inicialmente, o inspector-adjunto Rui Melro informou a advogada da PAGAN que a entrada de Lucas estava dependente de uma informação da embaixada alemã; porém, acabou por ser forçado a embarcar num avião de volta a Paris, de onde viera.
Se a posse de programas da Contra-Cimeira, evento que vem sendo anunciado há meses, que foi enviado à comunicação social e amplamente distribuído aos portugueses prejudica a segurança nacional, deverá então estar a ser preparada a prisão de todos os detentores desse programa?
Mais um acto de arbitrariedade policial levado a cabo por agentes desenquadrados?
Ou uma acção devidamente coordenada pelo governo?
Uma forma de dar sinais de intolerância e de actuação repressiva quando a crise social não para de se agravar e quando está eminente uma greve geral?
Acção de continuidade das tentativas de criminalização da PAGAN e dos seus amigos estrangeiros anti-guerra e anti-NATO, a que temos vindo a assistir nas últimas semanas?
Aproveito para convidar, em nome da PAGAN, todos a estarem presentes na Contra-Cimeira, já nesta 6ªfeira dia 19 no Liceu Camões a partir das 10 horas. Ali falaremos de paz e de como a alcançar enquanto no Parque das Nações os Senhores da Guerra vão exaltar a morte e a destruição. (Programa completo da Contra-cimeira pode ser consultado “AQUI”
Se amas a paz, APARECE que todos juntos não somos muitos para acabar com a guerra.
O cartão vermelho à liberdade
O jogo de futebol a contar para a Taça de Portugal que deveria ser jogado no Estádio da Luz no próximo fim-de-semana entre o Benfica e o Braga foi adiado devido à realização da Cimeira da NATO em Lisboa. Não é que pessoalmente me faça nenhuma diferença que haja ou não jogo, mas a vergonha continua com os Lisboetas a verema as suas vidas suspensas para recebermos os Senhores da Guerra. Mas, mais prejudicados ainda serão os comerciantes da zona do Parque das Nações que se verão impedidos de fazer comércio durante toda uma semana. Vergonhosa a forma como estão a ser tratados os restaurantes da zona que, ou fecham ou só poderão servir refeições aos participantes da cimeira, com preço fixo e determinado pelas autoridades (penso que cerca de 15 Euros e fiados). Segundo parece também a TAP estuda a possibilidade de pedir um indemnização pelos prejuízos que vão sofrer. Esta cimeira já nos está a custar dezenas milhões e se fossem contabilizados todos os prejuízos no comércio e na vida das pessoas atingirá certamente muitas centenas. Para esta gente nada de muito importante mesmo que o país esteja endividado até aos cabelos e à beira da bancarrota. Não há dinheiro para ajudar quem está na pobreza mas nunca falta para fazer sumptuosas cimeiras, cheias de luxos e mordomias, (assim como nunca falta para fazer guerras que não são nossa,s seja no Afeganistão ou em qualquer outro lugar).
Vamos todos aproveitar esta cimeira para, nas ruas, afirmarmos o nosso descontentamento e dizermos a esta gente que não as queremos no nosso país. Fora com os Senhores da guerra.
A violência da mentira
Já todos ouvimos falar da próxima Cimeira da NATO que vai decorrer em Lisboa nos próximos dias 19 e 20. Eu já por diversas vezes critiquei as politicas e a própria existência da NATO que, em vez de servir para promover a paz, é neste momento o braço armado do capitalismo ocidental para defender impor e conquistar recursos naturais e rotas comerciais. Para isso não hesitam em fazer terrorismo de estado e a guerra, mesmo que nela morram milhares de inocentes sejam eles mulheres ou crianças. Danos colaterais, como gostam de dizer.
Para contestar essa cimeira surgiram em Portugal duas plataformas diferentes, a “Paz Sim, NATO Não”, ligada ao PCP e a PAGAN, “Plataforma anti-Guerra, anti-NATO”, composta por indivíduos e sem quaisquer ligações partidárias. Tendo participado na criação da PAGAN e da sua filosofia, anti-guerra e não violenta, cedo contactámos a outra Plataforma para tentarmos coordenar trabalho e procurar a cooperação na luta que era comum. Em vão, a nossa colaboração foi recusada e foi-nos dito que era cada um por si. Sabendo da maior experiência e de meios para fazer mobilizações ficou decidido que a Plataforma “Paz sim, NATO Não” organizaria uma manifestação na qual participaria a PAGAN que por seu lado organizaria uma Contra-cimeira em cooperação com outras organizações Internacionais integrantes do movimento “No to War, no to NATO”.
Com a aproximação da data e de em Lisboa irem estar o Obama e outros lideres mundiais, os média começaram a lançar a ideia que a cidade ia ficar a ferro e fogo, com policia de um lado e os black-block, do outros grupos violentos do outro. Rapidamente venderam esta ideia, com informações sobre a segurança esperada e a violência que estava a ser preparada. O cenário estava lançado.
Estranhamente, e não sei por acção de quem, (e se suspeito não quero dizer), algumas noticias dos jornais começaram a ligar a PAGAN ao elementos mais violentos. Mesmo estando há muito dito e escrito nas bases da fundação da plataforma a sua natureza não violenta e não havendo um único caso de violência que possa ser atribuído ou associado à PAGAN, essa ideia começou a ser “vendida” pelos média. Cedo protestámos com alguns órgãos de informação por notícias incorrectas e cheias de “veneno”, exigindo o direito de resposta que nunca nos foi concedido. Infelizmente é assim funciona a informação em Portugal sempre ao serviço de interesses partidários, económicos e políticos.
A cereja em cima do bolo veio quando um elemento da outra plataforma veio dizer na RR que “já tinha proibido a PAGAN de participar na manifestação” de dia 20. Honestamente não sei se vai ou não vai haver violência em Lisboa durante a Cimeira da NATO, se a acontecer essa violência vai ser obra de Black-blocks, da policia ou de outro qualquer grupo, o que sei é que não serão aqueles que se juntaram na PAGAN que a irão incentivar ou realizar. Vamos promover a Contra-cimeira nos dia 19, 20 e 21 e vamos participar na manifestação com o direito que nos dá sermos cidadãos deste país. Outros podem dizer que são contra a NATO por interesses politico e partidários mas a PAGAN é contra por convicção. Não somos certamente os vilões da história mas também não somos os seus policias. Pelos vistos há outros que não se importam de o ser.
Uma das capas de albuns que sempre mais me impressionaram pela força do olhar daquela criança, foi a do album “War” dos U2. Lembrei-me de a utilizar para “ilustrar” a forma como, para recebermos os Senhores da Guerra, não olhamos a custos nem a interesses. O Serviço que trata lá dessas coisas da segurança da Cimeira já esgotou o orçamento, mas para isso haverá sempre todo o dinheiro que for necessário, pagamos nós, já compraram blindados e armamento. Vão fechar o Tejo e o Espaço Aéreo, sem falar de toda aquela zona de Lisboa. Revistas, proibição de manifestação ou agrupamentos de pessoas, carros de 130 mil euros para transportar o Durão Barroso do hotel para a Cimeira e os muitos milhões que se gastaram e ainda vão gastar. Num país onde há gente que vive na pobreza extrema, onde se aumentam impostos e se reduzem salários, que está num buraco financeiro a ser “sugado” pela ganancia do “mercado”, continuamos a esbanjar em aparências, em falsos riquismos, em ostentação. Compramos submarinos e aviões de guerra, enviamos soldados para guerras sem sentido às ordens dos interesses dos EUA.
Como alguém dizia num mail, “eu até gosto da NATO. Penso ir ao seu funeral.”
Portugal fora da NATO e cimeira fora de Portugal. Porque não vão fazê-la no Afeganistão?