A polícia usou gás pimenta, esta manhã, para dispersar uma manifestação de estudantes que estava a decorrer à porta da secundária Alberto Sampaio, em Braga. Seis alunos tiveram que receber tratamento hospitalar.Os estudantes estavam a protestar contra a integração da escola num mega-agrupamento, fecharam as portas da escola a cadeado.
A comissária Ana Margarida, da PSP de Braga, diz que foi preciso usar pimenta «para abrir caminho por entre os estudantes e para conseguir chegar ao portão, permitindo que os bombeiros cortar a cadeado». Segundo a comissária esta atitude foi tomada para evitar uma postura mais musculada como o uso do bastão de ordem pública.O Sr. Ministro pode andar a enganar as pessoas quando envia infiltrados para as manifestações dos movimentos sociais para criar incidentes e justificar a violência da acção policial, pode deixar policias a serem apedrejados durante duas horas para depois poder justificar cargas cegas e brutais sobre gente pacifica, pode fazer o que desejar e abrir averiguações sobre inquéritos e inquéritos sobre averiguações ou inquéritos sobre inquéritos que já ninguém está para o aturar. Pode ter feito tudo e tudo justificado com a violência dos manifestantes e a manutenção da ordem pública. Pode ter inventado grupos terroristas e grupos violentos onde não os há. Pode e fez mesmo quando essa violência não existiu ou foi provocada pela própria policia. O que não pode justificar é o uso de gás pimenta sobre jovens do secundário, miúdos de 12 anos que protestavam em frente da sua escola e que acabaram alguns no hospital. Pior ainda fica quando se justifica o uso desse gás pimenta como justificação para evitar uma postura mais musculada como o uso do bastão de ordem pública. E porque não de tiros de shotgun?
Quem ordenou esta violência policial devia ser demitido e o ministro que tutela a policia tinha a obrigação de se demitir ou ser demitido. Uma vergonha, uma afronta à liberdade e ao direito de protestar. Não estamos a falar de terroristas, de grupos violentos e organizados, de gangs de bandidos, estamos a falar de miúdos de uma escola secundária. Tenha vergonha na cara e demita-se em nome da decência e em respeito pela democracia e pela liberdade. Se é que a tem.
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O Bastão da Ordem Pública
O fim do triunfo dos porcos
Hoje há manifestações à porta do parlamento e em Belém. Nas que são convocadas pela CGTP não haverá certamente problemas porque os manifestantes estarão vigiados por duas polícias. A do Miguel Macedo e a da própria CGTP. Nas outras espero que também não, que tudo decorra normalmente pois estar a dar-lhes argumentos para criminalizarem os movimentos sociais não me parece boa ideia. Eles sabem que é dai que vem a principal contestação e onde cada vez mais se juntam forças a exigir a mudança, não só deste governo mas dom próprio sistema de alterne em que vivemos. Eles sabem que são os cidadãos, auto-organizados que os vão derrubar e construir uma democracia mais participativa e responsavel, onde o país fique a salvo de assaltantes no poder que tudo saqueiam e vendem aos seus donos. Eles sabem que a sua hora vai chegar e tudo querem fazer para nos destruir, mas não há governo, por mais polícias que tenha e por mais violência que tente gerar, que possa travar um povo quando ele resolva exigir a mudança. É que a história de que todos os porcos são iguais mas uns são mais iguais que os outros já pertence à história e na nova história que vai ser escrita os porcos não passarão de simples porcos.
Soltaram os cães
Além dos nove detidos após a carga policial no dia 14, dia da greve geral, a PSP está empenhada em efectuar mais detenções. Serão cerca de 30 os suspeitos a identificar e podem ser detidos nos próximos dias.Podem largar os cães que o protesto contra este governo, a destruição do país e a condenação à pobreza de todo um povo vai continuar. Eu nunca atirei nenhuma pedra contra um polícia, sei que muitos que as atiraram, uns porque são gente violenta, (claques de futebol e coisas do género), outros por desespero, (gente que já perdeu tudo o que tem) e outros ainda por profissão, (policias infiltrados). Não creio que esse seja o caminho, mas perante tanta prepotência, tanta desfaçatez, tanta desumanidade já começo a ficar sem argumentos para mostrar alternativas. As noticias do dia mostraram a violência dos manifestantes e serviram para esconder a Greve Geral e justificar a acção da policia Mas a verdade uma vez mais veio ao de cima e já não conseguem esconder a presença de infiltrados a da sua acção entre os manifestantes, a brutalidade da carga policial sobre gente inocente, as detenções ilegais de gente que nem estava na manifestação e a premeditação planeada de tudo o que aconteceu para simplesmente acusarem os movimentos sociais. Agradeço ao governo o mostrar que os movimentos sociais os estão a incomodar realmente ao ponto de os querem incriminar e combater. Agradeço por estarem a mostrar que vale a pena o esforço a a participação nesses movimentos pois são eles quem realmente coloca em causa o seu poder. Não nos vão parar, não nos vão amedrontar e muito menos nos vão vencer porque a razão nunca se calem nem pode ser derrotada. Este país é de todos e não pode ser roubado e o seu povo escravizado e condenado à miséria. Dizemos não hoje e não nos calaremos. Os FdP cairão mais cedo ou mais tarde.
Escolher um lado da Barricada
Ontem a CGTP fez o seu comício em frente da Assembleia da Republica e depois de cantar o hino, coisa que me parecia desnecessária sobretudo num dia em que a greve geral afectou mais seis países da Europa, mandou todos para casa. Foi um ver as bandeirinhas vermelhas a correr para a saída. Não Gostei.
Já na conferencia de Imprensa, o Arménio Carlos, depois de demarcar a CGTP da violência que aconteceu, esteve bem quando lamentou os factos ocorridos mas não condenou os manifestantes, afirmando que embora não concorde com esse tipo de luta não lhe compete a ele criticá-la.
Já pior esteve o Ministro Miguel mkacedo, primeiro garantindo à CGTP que conta com eles e que não lhe atribui nenhuma responsabilidade naquilo que aconteceu. Depois quando falou que os problemas existiram porque estavam na Assembleia cinco ou seis profissionais da violência e dá os parabéns à polícia que correu à bastonada milhares de manifestantes. Porque permitiu que a situação do arremesso de pedras durasse todos aquele tempo? Porque não deteve esses cinco ou seis e preferiu bater em milhares que não praticaram qualquer acto de violência? É isto a boa e competente actuação policial? Porque andaram pelas ruas de Lisboa a deter pessoas mesmo que nem tenham estado na manifestação? Porque cercaram grupos de pessoas em esplanadas mesmo não tendo qualquer razão para os deter? Porque, no dia seguinte à visita da Frau Merkel houve actos de violência num protesto dos estivadores e outra vez ontem?
O mal não está só nos homens que nos governam, o mal está no sistema corrupto e que trabalha a soldo dos grandes grupos económicos e dos mercados. Não há dois lugares para se estar, dentro do sistema a pactuar com ele, ou fora recusando servir os seus interesses. Há que escolher. Quando as posições se extremam há que escolher a barricada onde queremos estar. A CGTP brevemente vai ter de optar.
Para que serve a polícia?
Passos Coelho, de bonézinho da policia lá foi fazer uma visita à Unidade Especial da PSP para nos mostrar como ela está preparada para calar qualquer protesto mais musculado. Na sua necessidade de dizer alguma coisa, mesmo não sabendo bem o quê, lá foi afirmando que para reduzir custos vai unificar as polícias todas ficando só uma Militar e outra Civil (PSP, PJ e SEF). Mas como o Paulo Portas, a Ministra e o CDS são contra esta unificação tudo acabará em águas de bacalhau ou então vem aí tempestade no governo. Mas eu só escrevi este posts por outras afirmações, já ditas também por outros ministros, mas que me irrita. “Os níveis de criminalidade são em geral mais baixo que outros países europeus o que torna Portugal um país atractivo para o turismo e para o investimento”. Sem dúvida que é bom para isso, mas falta o mais importante, é bom para quem vive cá, para quem é português. Preocupa-me mais que andem a matar alguém para o assaltarem por mim, pela minha família, por todos os cidadãos que pelo raio do que pensa um investidor. Quando é que esta classe política se lembra que este país não são só números e mercados mas que há gente, pessoas, aqui a viverem?
Espiões coscuvilheiros
«Num email enviado de Silva Carvalho para Paulo Félix (à data funcionário da Ongoing e ex-PJ), a 4 de Setembro de 2011, Francisco Pinto Balsemão, presidente da Impresa, aparece com um nome de código: Balsinhas. Nele, Silva Carvalho pede que vejam “em fontes abertas” tudo o que há “sobre o Balsinhas”, em particular sobre os empréstimos que tinha, em que bancos, quando venciam. Silva Carvalho argumenta que essa informação interessava à estrutura financeira e económica da Ongoing. Tempos depois, recebe um relatório detalhado de 31 páginas sobre Balsemão, que incluía uma cronologia com dados importantes da sua biografia, uma colectânea de recortes de jornais, listas de amigos, inimigos e aliados e até considerações sobre a sua performance sexual.
Exibicionismo policial
«PSP prepara tolerância zero nas «manifs» do 25 de Abril. Com o 38º aniversário do 25 de Abril a aproximar-se, assim como a celebração do 1º de Maio, a PSP recebeu orientação de impedir todos os desfiles ou acções de rua que não obedeçam aos procedimentos legais para a sua realização.É uma reacção ao que sucedeu a 22 de Março, dia da última greve geral.
Quem tem de assumir a tolerância zero contra a repressão e o fascismo somos todos nós. Este clima de intimidação publica e de criminalização dos protestos mais “ruidosos” e incómodos é que têm de ser banidos e não aceites por ninguém. Em Portugal não existem factos que comprovem nem que justifiquem este clima de opressão criado por um exagerado e visível corpo de segurança policial e muito menos de repressão activa. Não é aceitável que numa sociedade que se reclama democrática e livre se utilize a provocação e a força para calar protestos e indignação perante as mentiras e o abuso de poder que este governo representa e corporiza. A criação artificial pública do medo e a justificação antecipada da repressão que pretendem praticar sobre vozes incomodas que contestam, não só as politicas assassinas deste governo, mas o próprio sistema de ditadura dos mercados exigindo uma democracia verdadeira em que o poder esteja centrado nas pessoas e não na criação e sustento dos grandes grupos económicos. Mas, a indignação não se silencia e cada vez mais pessoas sentem na pele que o roubo aos seus salários e aos seus direitos só serve para alimentar a gula e a ganância dos mercados, mesmo que isso signifique que sejam atiradas para a pobreza e a miséria. A mudança faz-se na rua com ou sem exibicionismo policial porque a única coisa de que devemos ter medo é de ter medo.
Há 5 anos que existia uma escola abandonada e degradada no Bairro da Fontinha no Porto que já só era frequentada por ratos. Um grupo de cidadãos ocupou esse espaço, restaurou-o e fez dele uma zona de liberdade e democracia em perfeita colaboração e partilha com as populações desse bairro. Naquilo a que chamam de Es.Col.A, ajudam-se as crianças nos estudos, criam-se actividades para os jovens do bairro e apoio para os mais idosos de uma forma solidária e desprendida. Xadrez, Yoga, Capoeira, Musica, Dança, Bibliotecas, um sem número de actividades que deram vida e criaram esperança num espaço construído em democracia e liberdade. Num só ano o Es.Col.A passou a ser o centro daquele bairro e o único apoio de muitos que passam por dificuldades devido às desumanas políticas de austeridade e roubo a que este país tem sido sujeito. Aí se partilham refeições confeccionadas com produtos das hortas comunitárias que têm surgido na zona e se reforça a solidariedade e a cidadania. Não a solidariedade da esmola ou da caridadezinha, mas uma solidariedade feita da partilha e da união de todos. Isso parece assustar o sistema receoso que os cidadãos compreendam que existem alternativas possíveis ao mercantilismo e à subjugação aos grandes poderes económicos e que as leis só devem ser válidas e obedecidas quando forem justas. Ver nas televisões ministros a saírem sorridentes de carros de alta cilindrada pagos por todos nós, e depois policias a violentarem cidadãos para lhes retirar aquilo que construíram com as suas próprias mãos é uma imagem que só nos pode causar repulsa e indignação.
Exige-se por isso que o poder aceite a soberania dos cidadãos sobre as suas terras, bairros e cidades e que, se não são capazes ou não têm a vontade de os apoiar, pelo menos não envie os seus cães de guerra para impedir a sua auto-organização.
Exige-se que o Es.Col.A da Fontinha seja devolvida ao bairro e aos seus habitantes.
“O Es.Col.A não será nunca despejado, porque não se pode despejar uma ideia”.
http://indignadoslisboa.net
Desculpem lá voltar ao assunto da carga policial que aconteceu no Chiado no dia da Greve Geral, mas fico chateado quando há gente a partir cabeças à minha volta de pessoas que simplesmente estavam ali a exercer o sei direito de cidadania, seja a tomar uma bebida numa esplanada, passear, ver montras ou manifestar pacificamente o seu desagrado contra o vergonhoso sistema que enriquece alguns à custa da pobreza de todos os outros. Agora para comentar a visita do Ministro ao “paralamento”. «Não houve uma intervenção gratuita no Chiado», disse Miguel Macedo aos deputados da comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. «Só depois de estar instalada uma situação de desordem pública» e dos manifestantes terem «provocado» e «praticado agressões aos agentes de autoridade» é que polícia interveio. «Quando foi forçada a intervir fê-lo de forma legítima em reacção às agressões e para repor a ordem pública», «nos termos da lei». «Não é o excesso de um, dois, três ou quatro agentes, que tiveram um comportamento desadequado que deve desmerecer o comportamento da PSP».
Chateia-me que este Ministro, a quem a minha companheira já há muitos anos dizia lembrar-lhe a cara de um nazi, vir fazer afirmações falsas, sabendo eu que são falsas porque estive lá e vi e até pelos vídeos que já correm a net, e atirar com todas as culpas para as costas de dois ou três policias que tiveram o azar de ser filmados em acções de violência gratuita e dois dos atingidos serem jornalistas. Fico sem saber se o castigo é por terem abusado da violência ou se por se terem deixado filmar a praticá-la.
Mas não fica por aqui, Miguel Macedo esclareceu ainda que os acontecimentos no Chiado surgiram numa manifestação que nada teve a ver com o desfile organizado pela central sindical CGTP. Segundo o ministro, a manifestação da CGTP decorreu sem incidentes.
Podia discordar relembrando também as cabeças partidas pelos gorilas da segurança da CGTP entre o grupo dos precários que tiveram a ousadia de tentar entrar na praça de São Bento, mas prefiro as afirmações do Deputado António Filipe que disse que não se poder responsabilizar apenas um agente, considerando que a intervenção no Chiado foi «particularmente» infeliz, porque as imagens percorreram o Mundo. Porém, sublinhou que não punha «as mãos no fogo por alguns manifestantes».
Primeiro não me parece que para um deputado de um partido que viveu a clandestinidade, a perseguição, a falta de liberdade e de democracia, fique bem considerar que aquilo que aconteceu no Chiado só é particularmente infeliz por haver imagens a correr o mundo. Não, isso não foi o mais grave, o mais grave foi o ter acontecido. Talvez para o deputado que não gosta de ver movimentos sociais independentes a desmascararem a inócua contestação social que mais não parece desejar que retirar a pressão à panela para que tudo fique como está. Talvez o deputado não ponha as mãos no fogo por alguns manifestantes, mas eu por si também não ponho as minhas e muito menos o meu voto.
Os policias não são máquinas
Alguns agentes da PSP envolvidos em agressões no Chiado, em Lisboa, no dia da greve de dia 22 de Março deverão ser punidos. O relatório da Inspecção-Geral da Administração Interna sustenta a abertura de processos disciplinares aos polícias que agrediram manifestantes e jornalistas.Não tenho nenhuma simpatia especial por policias, sobretudo por alguns a quem muitas vezes o poder que lhes é concedido pela profissão lhes sobe à cabeça. Sei que como nós também são gente com vidas próprias, sentimentos, emoções, problemas e que também passam por dificuldades financeiras criadas pelo sistema mercantilista em que vivemos.
Sendo as policias forças altamente hierarquizadas não se compreende que os processos sejam aplicados somente aos policias e não às suas chefias tendo como responsavel final o próprio Ministro que, confirmada as agressões a cidadãos livres na prática do seu direito constitucional de manifestação, se deveria demitir. Mesmo não havendo qualquer justificação para uma acção tão brutal, ou a carga policial foi mal executada e isso nos remete para uma deficiente formação dos policias ou então foi ordenada por um superior a mando do Ministro, coisa que não estranho se notarmos que os casos de atropelo ao nosso direito à indignação se tornaram mais frequentes após a posse deste governo, o que evidentemente não é coincidência. Demita-se Sr. Ministro.
PS: Se os policias acabarem por ser os únicos a sofrerem punições por aquilo que aconteceu o melhor que têm a fazer é passarem-se para o lado dos manifestantes e ajudarem a correr com este governo e esta canalha que nos governa. Afinal a sua função é prender ladrões e os seus cúmplices.
O Fado consumado
O Presidente da República comentou os incidentes ocorridos durante a greve geral do passado dia 22, em Lisboa, lamentando os casos e defendendo esclarecimentos. «Lamento profundamente que dois fotojornalistas tenham sido atingidos durante os distúrbios a que as forças de segurança tiveram que fazer face», declarou Cavaco Silva.Mais um que só lamenta a agressão policial aos fotojornalistas esquecendo todos os outros que pacificamente se manifestavam, passeavam ou simplesmente bebiam qualquer coisa nas esplanadas do local. Mais um que antes de saber o que se passou, ou sabendo porque presenciado pelos média, que o digam os tais jornalistas agredidos, prefere aguardar mais um inquérito que como tantos outros acabará em nada mas apontando já a culpa a distúrbios que obrigaram as forças de segurança a agir. Já acusou, julgou e condenou.
Que fica então para ser inquirido no tal inquérito? Os fotojornalistas.
Os cães do poder
Já tardava e a violência contra aqueles que pensam fora do sistema em busca de saídas para o futuro para onde hoje nos empurram. Soltaram os cães e eles investiram sobre os manifestantes batendo em tudo e em todos. Abriram-se muitas cabeças e marcaram a carne de muita gente, manifestantes pacíficos, jornalistas, transeuntes ou até sobre quem calmamente saboreava um café ou uma cerveja nas esplanadas do Chiado. Num comunicado a policia já veio afirmar que em próximas manifestações os jornalistas não devem estar dentro da manifestação ou arriscam-se a serem também eles agredidos. É que a policia quando marra leva tudo à sua frente não interessa quem é, o que fez ou porque está ali. Mordem. Talvez pelo bom desempenho o Ministro lhes tenha dado hoje o direito a ração extra.Mas nada disto é inocente, nota-se a evidente vontade que o poder tem que exista o confronto físico para justificarem mais segurança e a retirada de mais direitos e liberdades aos cidadãos. Não gostam que seja com a voz, com as palavras e com a razão que se conteste esta política e que se desmascare esta gente que tira tudo a quem pouco tinha para dar tudo a quem já tinha quase tudo. Já nos atacaram e reduziram o nível de vida, os direitos laborais e falta agora os cívicos.
Como se constrói uma ditadura
Já nos cortaram nos direitos sociais e nos salários, já nos fazem viver numa democracia de fachada mas cada vez mais se nota um ambiente de insegurança e medo. Não a normal acontecer com o aumento de roubos e assalto sempre que a fome e a miséria se tornam no dia a dia de milhões de cidadãos, mas a praticada pelo próprio poder e pelas forças que nos deviam defender dessa insegurança e desse medo. A violência criada e fomentada por agentes policiais infiltrados à civil na manifestação do dia 24 de Novembro é disso uma prova concreta e a falta de resposta dos responsáveis a demonstração de quem a promove.
Mas há mais a acontecer, as ilegalidades e inconstitucionalidades do orçamento, e agora o desrespeito do Ministro Miguel Macedo perante a opinião da Comissão Nacional de Protecção de Dados que considerou inconstitucional a proposta do Governo sobre a instalação de câmaras de video vigilância, afirmando que o parecer da comissão como uma «declaração política» e argumentando que «o Governo não legisla sobre o parecer da CNPD». O que o Ministro faz tábua rasa dos órgãos criados para garantir o respeito pela lei, pela Constituição e pela defesa do direito e das liberdades e garantias dos cidadãos. Este governo desrespeita tudo e todos pelo que antes que o Gaspar se transforme em Salazar temos de correr com esta gente.
Temos polícias tesos
O ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, admitiu ontem que a PSP tem de trabalhar com os poucos recursos que tem. O governante, que esteve presente na cerimónia do 144º aniversário do Comando do Porto onde, durante a cerimónia, no Terreiro da Sé, o comandante metropolitano da PSP do Porto, Abílio Pinto Vieira, revelou que tem sido feito um esforço de contenção, mas a situação é crítica. “Reconhecemos que estamos perto do limite em que a escassez de recursos poderá ter impacto na nossa capacidade operacional”.Na reportagem em que se falava da falta de dinheiro com que se depara a Polícia no comando do Porto, referia-se o facto de actualmente esperava-se que a chuva lavasse os carros e os Pólicias só podiam ligar a televisão à hora dos telejornais. Mas, não se preocupem os polícias que mais cedo do que pensam o poder vai desapertar a bolsa Basta que a população se comece a revoltar contra aumentos de preços, de impostos ou redução de direitos e salários para que o dinheiro chegar em quantidade. Não vão correr o risco de ver os polícias a juntarem-se a quem os contesta.
Violência e parvoices perigosas
Podia vir aqui falar da Manifestação que se realizou em Setúbal no 1º de Maio e que terminou violentamente devido a uma despropositada carga policial. Posso afirma-lo porque estive lá, não assisti a nenhuma desordem ou desacato, e acabei por ser atingido por uma bala de borracha no pescoço ainda antes de me ter dado conta de que existiam problemas. Mas, não vou contar aqui a minha versão nem a da policia porque certamente alguns preferirão acreditar no lado em que se sentem mais à vontade. Não posso no entanto, deixar de referir uma passagem do comunicado da PSP que me parece demonstrativo da falta de todo o bom senso. O comunicado da PSP refere que o mesmo indivíduo, de 49 anos,(que foi atingido nos joelhos por tiros de shotgun e preso) também foi identificado no passado dia 25 de Abril, em Lisboa, quando tentava integrar a manifestação oficial sem conhecimento prévio do Governo Civil de Lisboa.
Referenciado porque tentava integrar a manifestação “oficial” do 25 de Abril? Conhecimento prévio ao Governo Civil para integrar uma manifestação? Que raio de livros de lei anda a ler a nossa policia? Pode qualquer cidadão ficar referenciado por participar no 25 de Abril? Voltamos ao tempo da PIDE?
Já agora mais um bocadinho da noticia. De acordo com a PSP, alguns manifestantes, gritavam palavras de ordem «Setúbal é nossa, Sonae fora daqui», «Partidos não, país em auto gestão».
É proibido falar de auto gestão? É proibido alguém dizer em voz alta aquilo em que acredita e que defende? Não podem existir opiniões diferentes em relação à forma como está organizada a sociedade? É isso um crime que justifique transformar Setúbal numa zona de guerra com tiros e violência?