Não que eu aprecie a prosa ou melhor as ideias do Nicolau Santos, mas ao procurar as afirmações da Assunção Esteves encontrei este seu texto que serve muito bem para ilustrar o meu boneco.
A presidente da Assembleia da República lida muito mal com contrariedades. Lida pior com desafios ao seu autoritarismo. E não suporta as manifestações de descontentamento popular que, volta e meia, acontecem na hemiciclo de São Bento.
Esta tarde, 11 de Julho, perante um numeroso grupo que nas galerias gritava “demissão!”, Assunção Esteves não se enervou apenas. Fez uma sugestão, uma declaração e uma citação.
A sugestão foi que se repensasse a possibilidade do público deixar de ter acesso à casa da democracia. A declaração foi a de que “não fomos eleitos para sermos amedrontados, desrespeitados”. E a citação foi de Simone de Beauvoir: “Não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes”.
Beauvoir escreveu esta frase a propósito da opressão nazi sobre os franceses durante a II Guerra Mundial. Equiparar cidadãos portugueses que se manifestavam na casa da democracia a torturadores e carrascos nazis é inadmissível – e é totalmente inaceitável que seja a presidente da Assembleia da República a fazer essa comparação.
O povo português merece seguramente um pedido de desculpas por parte de Assunção Esteves. E quem em democracia tem medo do povo, não merece seguramente ocupar o segundo cargo na hierarquia de um Estado democrático.
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Ai opovo carrasco
A Tasca da Assembleia da Republica
Um jornalista tomou pequeno-almoço, almoçou, lanchou, jantou, e apanhou uma bebedeira por apenas 13,30 € no Bar/Restaurante da Assembleia da República.
A propósito de uma tabela de preços do bar da AR (Assembleia da República), postada ontem na página do facebook da Maior Tv, um comentário de um dos nossos leitores lançou-me o desafio. Escreveu ele: “gostava era de saber como é que ainda há pessoas que acreditam nisto!!!! Percam tempo com coisas concretas e inventem menos!!”
Pois bem, seguindo o conselho deste nosso leitor, vamos então “perder” um pouco do nosso tempo com coisas sérias.
Consta do Orçamento da AR para este ano (publicado em Diário da República) a rubrica: “Serviços de restaurante, refeitório e cafetaria – 960.850,00” (quase 1 milhão de euros). Prevendo-se a receita de 260 mil euros proveniente da venda de senhas de refeição. Isto é: tendo em conta o preço de custo, as receitas não ultrapassam os 30 por cento, o que equivale a uma venda abaixo de custo na ordem dos 70 por cento.
Mas pior do que isto, é o facto de ser o povo português a pagar a diferença que existe entre os 260 mil e os 960 mil euros.
Para que não restem dúvidas, o povo português paga cerca de 700 mil euros/ano para que os deputados da AR comam e bebam do melhor.
Segundo o caderno de encargos, no refeitório terá de ser servido:
Sopa: normal e dieta (obrigatoriamente elaborada com base em vegetais frescos e/ou congelados, sendo proibido o uso de bases pré-preparadas. São admissíveis sopas com elementos proteicos uma vez por semana – sopa de peixe, canja de galinha, etc.).
Carne, peixe, dieta, opção, Bitoque. Pão, integral ou de mistura; Salada; Sobremesas incluindo, no mínimo, 4 variedades de fruta e 4 de doces/bolos/sorvete, além de maçã assada e salada de frutas.
Exige ainda o caderno de encargos, uma mesa com complementos frios (saladas), com no mínimo 8 variedades entre as quais se incluem, obrigatoriamente, tomate, alface e cenoura, além de molhos e temperos variados.
Uma mesa com um prato vegetariano e mais 4 componentes quentes vegetarianos (cereais, leguminosas e legumes).
Sobre os ingredientes é exigido o seguinte:
Café: “O café para serviço nas Cafetarias deverá ser de 1ª qualidade, em grão para moagem local, observando lotes que incluam um mínimo de 50% de “arábica” na sua composição”.
Bacalhau: “O Bacalhau deverá ser obrigatoriamente da espécie Cod Gadusm morhua. Pode apresentar-se seco para demolha, fresco ou demolhado ultracongelado, observando-se como tamanho mínimo 1 Kg (“crescido”), para confecções prevendo “desfiados” (à Brás, com natas ou similares) ou 2 Kg (“graúdo”) para confecções “à posta”.
Carnes de Aves: “Peru (inteiro em carcaças limpas com peso superior a 5 Kg, coxas, bifes obtidos exclusivamente por corte dos músculos peitorais). Frango (inteiro em carcaças limpas com peso aproximado 1,2 Kg, coxas e antecoxas, bifes obtidos exclusivamente por corte dos músculos peitorais).
Agora vamos aos preços
Um jornalista meu amigo tomou pequeno-almoço, almoçou, lanchou, jantou, e apanhou uma bebedeira por apenas 13,30 € no Bar/Restaurante da AR.
Recorde-se que as refeições escolares no ensino básico atingem os 3,80 euros. O jornalista comparou os preços do bar da Assembleia da República frequentado por deputados e ministros, e ficou abismado.
Eram 8 da manhã. O jornalista pediu um café e um bolo de arroz, afim de tomar o pequeno-almoço, tendo pago 15 cêntimos, 5 do café e 10 do bolo.
Vendo ali “mama da grossa”, o jornalista bebeu 10 (Dez), repito 10 minis, tendo pago apenas 1 euro, (pois cada mini custa apenas 10 Cêntimos)!
A meio da manhã, o jornalista “mamou” um gin Bombay Sapphire (1,65 euros), e já perto do Almoço um vodka Eristoff (1,50 euros), para abrir o apetite.
Ao almoço, o jornalista comeu gambas, camarão tigre, lavagante, sapateira, queijo da Serra, presunto de Barrancos, garoupa e bife do lombo, regado com Palácio da Bacalhoa, por 3 euros!
Depois e para rematar um whisky Famous Grouse, que custou (2 euros).
Já de tarde solicitou uma garrafa de champanhe Krug (3 euros a garrafa) e caviar beluga (1 euro).
O jornalista passou a tarde no bar da AR, rodeado das deputadas Rita Rato (PCP), Francisca Almeida (PSD), Ana Drago e Marisa Matias do (BE).
Assim, por tudo isto, o meu amigo jornalista gastou qualquer coisa como13,30 €uros, num pequeno-almoço, almoço de marisco, com entradas de queijo da serra, presunto e caviar, com vinho do Palácio da Bacalhoa, e pelo meio alternadamente bebeu whisky, vodka e gin, rematando com champanhe Krug.
Obviamente saiu com uma piela de caixão à cova, mas que foi barato lá isso foi…
Agora sim, acabamos de perder um pouco do nosso tempo com coisas sérias.
Vítor Santos
AR a Casa dos Horrores
No post anterior fiz uma propostas aos deputados da esquerda, a de que abandonem este Parlamento e recusem pactuar com este PREC (Processo Reaccionário Em Curso). Muitos vieram defender os seus partidos e os argumentos foram muitos, mas nenhum me mostrou uma única razão válida porque isso não é possível. É na Assembleia da Republica que a direita aprova as malfeitorias a que tem submetido os portugueses mesmo com o voto contra das bancadas mais à esquerda. O argumento que a maioria está lá porque foi sufragada pelos portugueses não é válido porque ninguém votou nas politicas que estão a ser implementadas. Ser eleito não dá um poder absoluto e possibilidade de fazer tudo o que se quer. Há uma Constituição, há uma democracia e há a liberdade que têm de ser respeitadas. Quando esses valores são colocados em causa há toda a legitimidade para correr com a canalha. Tem de haver um processo de protesto que seja ouvido e respeitado pelos governantes, mas perante a incapacidade de ouvir deste governo e a sua prepotência só actos mais radicais parecem poder surtir efeito. Há o risco de uma revolta popular e de um banho de sangue, que muita gente cada vez mais parece desejar, ou há a alternativa de derrubar este governo e tentar fazer algo de diferente. Essa possibilidade pode ser conseguida pelo abandono da AR dos deputados que não concordem com o que está a ser feito. PC, BE e até talvez alguns deputados do PS podem fazê-lo se tiverem a coragem para isso. Até eleitoralmente poderia ser uma boa aposta para eles pois mostraria que estão realmente dispostos a defender os direitos e a vida dos cidadãos e não são só uns fala-baratos que fazem lindos discursos sem valor prático.
Podia, mas nem quero fazer uma critica aos partidos e à sua forma de funcionamento, não estou a criticar as suas posições ou ideologias, nem sequer estou a pedir que façam algo de muito extraordinário o que peço é que respeitem os mandatos que lhes deram e ajudem quem já está desesperado travando a destruição do estado social. Levantem-se e não pactuem mais com isto, abandonem a Assembleia da Republica, uma casa que está transformada num antro de horrores.
Golfe Para Lamentar
Estado paga torneio de golfe a deputados e não só. Associação dos ex-deputados e grupo desportivo receberam 286 mil euros do Orçamento da Assembleia da República nos últimos cinco anos
Saiu do orçamento da Assembleia da República dinheiro para financiar, este ano, um torneio de golfe para deputados, na Quinta da Marinha, entre 11 e 13 de Julho.
Segundo o jornal a Associação dos ex-deputados do Parlamento (AEDAR) e o Grupo Desportivo receberam à volta de 286 mil euros do orçamento da Assembleia da República nos últimos cinco anos. Só em 2012, a primeira encaixou 42,5 mil euros vindos do Estado e a segunda outros 15,2 mil euros.
Um montante que se destina também a custear o gabinete que a associação possui na assembleia, com uma funcionária a tempo inteiro e um técnico de contas, para além de apoiar antigos deputados com reformas baixas.Contrariamente a muitos que defendem a diminuição do número de deputados eu prefiro que se lhes reduzam as mordomias. Olhe-se para o exemplo da Suécia em que os deputados vindos de fora da capital vivem em pequenos apartamentos com cozinha e sala de lavagem comuns onde cada um faz a sua comida e lava a sua roupa. Não Têm empregada, assim como o Primeiro Ministro, nem assessores ou secretárias. Afinal o deputado devia ser visto como alguém que ser o país e não como alguém que se serve dele. Temos de procurar uma nova forma de democracia mais verdadeira e participativa e modificar tanto na forma como são escolhidos como na forma como representam e são avaliados pelos seus eleitores. Aquilo que temos é uma vergonha que faz da democracia que temos uma palhaçada.
A última ceia em Belém
Depois de centenas de milhares terem ocupados ruas e praças um pouco por todo o Portugal chegou a hora de irmos até Belém para sermos milhares de Conselheiros de Estado que mesmo sem lugar na mesa do Presidente estaremos cá fora manifestando a nossa revolta e a nossa indignação exigindo a mudança. Sexta-feira, 21 de Setembro pelas 17 horas em frente ao Palácio de Belém. Ou o Presidente começa a cumprir com o seu juramento de defender e fazer cumprir a Constituição ou então abandone o cargo. Não necessitamos de um incapaz a habitar um palácio que devia ser ocupado por gente honrada, responsavel e cumpridora do seu juramento. Eu vou.
Ninguém faz mal ao nosso Jotinha
O PCP pediu a audição de Passos porque é o primeiro-ministro que tutela directamente as ‘secretas’. Os comunistas querem explicações sobre as alegadas relações entre o ex-‘espião’ Jorge Silva Carvalho e o Governo numa eventual reestruturação dos serviços secretos.
O ministro Miguel Relvas, disse que a possibilidade de o primeiro-ministro comparecer na comissão de Assuntos Constitucionais é um «assunto encerrado». «Esse assunto está encerrado», afirmou Miguel Relvas aos jornalistas quando questionado sobre o facto de a presidente da Assembleia da República ter anunciado hoje que, segundo a interpretação do regimento, o primeiro-ministro não é obrigado a comparecer na comissão de Assuntos Constitucionais, conforme foi requerido potestativamente pelo PCP. «O Governo sempre foi claro nessa matéria. O senhor primeiro-ministro de 15 em 15 dias estará no Parlamento para discutir com os senhores deputados.Tanto trabalho para impedir o Passos Coelho de ir à comissão dos Assuntos Constitucionais mostra que há ali algum receio e como “quem tem cu tem medo” pode-se concluir que também quem faz merda tem medo. É que o assunto é grave e, se vivêssemos numa verdadeira democracia em que a Constituição faz lei e é cumprida, até poderia levar à demissão do Primeiro Ministro. Mas não vivemos e por isso é o untuoso Relvas que vem declarar; assunto encerrado. Para toque final, a hipocrisia que se lhe conhece, “O senhor primeiro-ministro de 15 em 15 dias estará no Parlamento” para responder aos deputados. Como se responder num debate parlamentar, onde já tanto Primeiro-ministro mentiu tanto com todos a consideram isso normal, (é hora de espectáculo e de fazer flores para TWer), ou numa comissão em que é questionado directamente e onde a mentira ganha outro peso institucional.
Que verdade tanto procuram esconder e lhes causa tanto medo?
Contágio
Ao optarem por tratar as pessoas como a variável menos importante no orçamento do estado para 2012, exigindo-lhe sacrifícios colossais e cortando os subsídios de férias e natal, o governo abriu a Caixa de Pandora da indignação. Não há agora dia em que um jornal, nos mails, nos blogs e nas redes sociais não surjam as mordomias com que os nossos políticos continuam a viver. Sejam os subsídios de transporte do Ministro que tem casa em Lisboa, as pensões vitalícias, (que duplicam quando fazem 60 anos), as milionárias reformas antecipadas, os ordenados e prémios obscenos, os carros, as casas e as negociatas. O Ministro já veio dizer que quer atenção redobrada sobre manifestações de risco. Têm medo porque brutalizam um povo e já nem conseguem esconder os vícios privados sob a capa da mentira de públicas virtudes.
Ele há sacrifícios e sacrifícios
João Bosco Mota Amaral foi substituído por Manuela Ferreira Leite no cargo de chanceler das Ordens Nacionais, três meses depois de ter tomado posse do cargo, em conflito com o Presidente da República. “Saio por razões pessoais e políticas.”
Talvez por isso a AR resolveu dar-le uma mãozinha e Assunção Esteves mandou publicar o seguinte despacho:
“Despacho n.º 1/XII — Relativo à atribuição ao ex-Presidente da Assembleia da República Mota Amaral de um gabinete próprio, com a afectação de uma secretária e de um motorista do quadro de pessoal da Assembleia da República.
Ao abrigo do disposto no artigo 13.º da Lei de Organização e Funcionamento dos Serviços da Assembleia da República (LOFAR), publicada em anexo à Lei n.º 28/2003, de 30 de Julho, e do n.º 8, alínea a), do artigo 1.º da Resolução da Assembleia da República n.º 57/2004, de 6 de Agosto, alterada pela Resolução da Assembleia da República n.º 12/2007, de 20 de Março, determino o seguinte:
a) Atribuir ao Sr. Deputado João Bosco Mota Amaral, que foi Presidente da Assembleia da República na IX Legislatura, gabinete próprio no andar nobre do Palácio de São Bento;
b) Afectar a tal gabinete as salas n.º 5001, para o ex-Presidente da Assembleia da República, e n.º 5003, para a sua secretária;
c) Destacar para o desempenho desta função a funcionária do quadro da Assembleia da República, com a categoria de assessora parlamentar, Dr.a Anabela Fernandes Simão;
d) Atribuir a viatura BMW, modelo 320, com a matrícula 86-GU-77, para uso pessoal do ex-Presidente da Assembleia da República;
e) Encarregar da mesma viatura o funcionário do quadro de pessoal da Assembleia da República, com a qualificação de motorista, Sr. João Jorge Lopes Gueidão;
Palácio de São Bento, 21 de Junho de 2011
A Presidente da Assembleia da República, Maria da Assunção Esteves.
Publicado
DAR II Série-E — Número 1Austeridade e sacrifícios é o que nos pedem e dizem ser inevitável, mas para eles, para os poderosos e políticos as regalias e a boa vida são intocáveis. Não há impostos ou restrições que lhes toque e o Sr. Silva, com os seus 17 milhões para a Presidência da Republica, que o diga.