O Engenheiro veio muito solene às televisões, no intervalo do jogo Barcelona-Real Madrid, informar-nos que afinal a troika era tudo gente boa, que não iam fazer todas as malvadezas que os jornais foram anunciando, nem despedir, nem cortar mais que aquilo que ia fazer o Pec 4. Talvez mais um bocadinho, mas coisa pouca. Mas isto não admira nem convence vindo de quem vem e que é capaz de dizer uma coisa num dia e o seu oposto noutro com a mesma certeza e convicção. Não pensem que é fácil, o Passos Coelho tenta e não consegue, isso é coisa só para os grandes mentirosos. Uns têm talento para a bola, outros para a pintura, ele é um mestre na arte da aldrabice. Fantástica mesmo foi o a cara de pau do Teixeira dos Santos, que entrou mudo atrás do Engenheiro da Independente e saiu calado.
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A Negociação
A cegueira do poder
Cegos. Quando surgiu por aí a patética escolha do Fernando Nobre para cabeça de lista do PSD por Lisboa, grande foi a onda de indignação, merecida, que se abateu contra ele. Só uma das criticas me pareceu injusta, a de ter aceite o cargo sem conhecer sequer o programa eleitoral do partido. Injusta, não por não ser justa, mas por ser comum a todos os candidatos de todos os partidos que ainda não apresentaram o seu programa. Todos, aceitaram ser candidatos a deputados para defenderem um programa que não conhecem. Muitos vão ser deputados e aceitam calmamente que, pela disciplina de voto, poderão ter de votar contra aquilo que acreditam ou contra a sua consciência.
Podemos nós votar em quem claramente está lá pelo cargo e não pela representação dos que o elegeram? Eu não.
De costas voltadas
Gritos 4
Estranha forma de democracia
Muitos têm falado a favor da nomeação de um governo de Salvação Nacional patrocinado pelo Silva de Boliqueime que vai fazendo de conta que conta para alguma coisa chamando, “para ouvir” a Belém tudo quanto é gente. Dos partidos aos independentes, dos banqueiros aos industriais, dos patrões aos sindicatos, e até uma coisa chamada de “Compromisso Portugal” que se costuma reunir lá para os lados do Beato quando lhes cheira a possibilidade de darem mais uma dentada nos dinheiros do Estado. Este compromisso, que sempre se preocupou mais com o aumentar os lucros que com o país vem agora armado em defensor de Portugal e também eles apelar a um governo de inspiração cavaquista que junte toda a direita, do Ps ao CDS, num enorme desígnio nacional. Isto, mesmo estando marcadas eleições para Junho, retirando todo o valor à vontade nela expressa pelos portugueses. Até mesmo esta Democracia de fachada que temos os parece incomodar e não me posso deixar de lembrar das palavras da Manuela Ferreira Leite quando nos propôs uma suspensão da democracia. Assim, valeria sempre mais a palavra de um qualquer grupo de “Vampiros”, que ninguém escolheu ou passou procuração que a escolha de qualquer eleição.
Do Canto Livre à tanga do tango
Provavelmente a maioria dos que me visitam e vão ler este post já nasceram depois do 25 de Abril de 1974. Isso nada tem de especial e é só uma consequência da inexorável passagem do tempo, mas isso talvez faça com que muitos não entendam porque outros tanto falam dele com tanto carinho e um sentimento tão forte. Eu que o vivi gostava de o poder transmitir mas isso é uma tarefa impossível para mim que não tenho nem a arte nem o engenho para tal tarefa. Só posso dizer que representam um dos dias em que nos sentimos mais felizes nas nossas vidas. Em que realmente acreditámos que a liberdade existia, que um mundo diferente era possível, em que as coisas não tinham de ser sempre como sempre tinham sido. Cada dia era um dia em que o amanhã era sempre desconhecido e novo, cheio de possibilidades e de esperanças. Foi o dia em que todo um povo cantou, não porque os outros cantavam, mas porque tinha vontade de cantar.
Hoje isso pouco ou nada vale e só alguns o ainda o revivem assim nas suas memórias, hoje temos um Cavaco em Belém, um aldrabão em São Bento, um deslumbrado pelo poder na Lapa e o FMI na Praça do Comércio. Hoje a juventude já se foi e ficou a impossibilidade de voltar a acreditar em alguém ou nalguma coisa. Resta a esperança que algo possa mudar, que algo possa melhorar, embora o caminho que percorremos não ser esse, e a certeza que nunca deixarei de acreditar na liberdade. Este mundo pode não estar preparada para ela, mas acredito que um dia alguém ainda a poderá desfrutar em toda o seu esplendor. Eu só lhe senti o cheiro durante algum tempo e nunca mais a esqueci.
A Ressurreição
Corrida Eleitoral
As últimas sondagens começam a mostrar que, nem o Passos Coelho já era Primeiro-ministro, nem o Sócrates estava morto, havendo mesmo uma em que já está à frente do Coelhinho. É a diferença entre um sacana aldrabão com a escola toda e um sacana aldrabão que nem tem jeito nem capacidades para pelo menos isso fazer bem. No PSD já se agitam as águas e começam a aparecer as garras e parece que a pergunta que muitos já fazem é de quem será o próximo líder do PSD.
O vencedor antecipado
A magia do FMI
O largo consenso nacional
Chegou o Senhor dos Olhos Azuis
Poul Thomsen é o homem do FMI que nos vem “governar” nos próximos anos. Já o fez na Islândia, depois na Grécia, onde era conhecido pelo Senhor “olhos azuis”, a agora chegou a vez de Portugal. Na Grécia deu os resultados que se vêm e, apesar das duras medidas de austeridade, com mais impostos, desemprego, cortes nos salários, pensões e apoios sociais e fim dos subsídios de férias e Natal, provavelmente terá de lá voltar quando a Grécia tiver de recorrer a uma segunda ajuda do FMI. Por este caminho estamos tramados, mas ainda nos resta uma última hipótese de o evitar; nas próximas eleições vamos todos votar em partidos que dizem recusar esta ajuda. Ainda é possível.
Teixeira dos Santos já veio dizer que para Maio ainda há dinheiro, mas que para Junho os cofres estão vazios. Depois de tanto tempo a dizerem-nos que tudo estava bem, que as receitas cresciam mais que o previsto e as despesas baixavam, que as nossas exportações não paravam de subir vem agora dizer que o governo iça a bandeira preta da fome. Não que a fome seja novidade para muitos portugueses que há muito vivem na desgraça do desemprego e dos salários de miséria, mas agora é o país que declara insolvência. Se a verdade é que já não há pão ou se essa afirmação é só uma forma de aceitarmos mais pacificamente as medidas que vão ser impostas pelo FMI, não sei. O que sei é que esta cambada toda que tem andado a desgovernar o país, para que outros se governem muito bem, quando se for embora tem o futuro garantido, lugares de luxo reservados, cá ou na Europa. Talvez fosse a hora de olhar para o que se vai passando na Islândia onde o povo assumiu nas suas mãos o controlo e a tomada de decisões mais importantes, abolindo o capitalismo e exigindo decência e honestidade. Esta gente devia ser toda julgada por crimes contra os cidadãos do seu país e por traição a Portugal pela perda de soberania e independência que causaram. Mas não só os que agora ocupam cargos, também os que já ocuparam, os que querem ainda vir a ocupar, de São Bento a Belém, todos são culpados.