Continuam as negociações com o FMI para discutirem qual vai ser o preço para nos poderem fecundar, neste bordel à beira-mar plantado.
Arquivo de Abril, 2011
A Negociação
O ascensorista social
Paulo Portas veio dizer que defende a igualdade de oportunidades e por isso é o elevador da sociedade.
Igualdade de oportunidade muitos defendem, mas muitos também só respeitam os que conseguirem lugar no elevador. É que o elevador não pode levar todos e os outros, os que por razões diversas do esforço o não conseguirem, são abandonados à pobreza e à exploração. Não há igualdade de oportunidade para aquele que chega conduzido pelo motorista do pai ao colégio privado e o que chega ao liceu com frio e fome. Não há igualdade de oportunidades para quem, depois da escola, tem professores privados para lhes dar explicações e os que têm de ir trabalhar para ajudar na casa. Não há igualdade de oportunidades para os que, ainda não acabaram o curso, já têm um lugar de assessor numa das empresas de um familiar ou amigo do pai e aqueles que entram num mercado de precariedade e desemprego. Mais que igualdade de oportunidade há que dar primeiro igualdade de condições de vida, condições em que se possa crescer com dignidade e segurança.
Eles também se sacrificam muito
O Presidente da Galp, Manuel Ferreira de Oliveira, teve uma remuneração de 1,33 milhões de euros no ano passado, (menos 236,8 mil euros do que em 2009), só ultrapassado pelo Presidente da PT, Zeinal Bava , que recebeu 1,41 milhões de euros.
Podem ser todos muito bons e muito competentes, podem dar milhões de lucros às empresas que lideram, mas nada disso faz com que estes salários não sejam imorais e vergonhosos em qualquer altura, mas muito mais quando se fala de crise e bancarrota. Quando tanta gente passa por tantas dificuldades, pelo desemprego, pela fome e pela pobreza. Solidariedade? Sacrifícios repartidos por todos? Haja vergonha.
A cegueira do poder
Cegos. Quando surgiu por aí a patética escolha do Fernando Nobre para cabeça de lista do PSD por Lisboa, grande foi a onda de indignação, merecida, que se abateu contra ele. Só uma das criticas me pareceu injusta, a de ter aceite o cargo sem conhecer sequer o programa eleitoral do partido. Injusta, não por não ser justa, mas por ser comum a todos os candidatos de todos os partidos que ainda não apresentaram o seu programa. Todos, aceitaram ser candidatos a deputados para defenderem um programa que não conhecem. Muitos vão ser deputados e aceitam calmamente que, pela disciplina de voto, poderão ter de votar contra aquilo que acreditam ou contra a sua consciência.
Podemos nós votar em quem claramente está lá pelo cargo e não pela representação dos que o elegeram? Eu não.
Um Coelho cor-de-rosa
Começou com a mensagem de Páscoa no Facebook e agora alastra-se pelo jornalismo cor-de-rosa. Na realidade começou antes, começou quando as sondagens começaram a mostrar que, pelas suas ideias e capacidades políticas nunca chegará a Primeiro-ministro. Quando não se conquista pela inteligência, solidariedade e honestidade, aposta-se na má-língua, na imagem de photoshop moral e na foleirice.
De costas voltadas
Diabruras democráticas
Três ex-presidentes mais o actual reuniram-se no dia 25 de Abril, 37 anos depois de 1974, para dizer que a Democracia deve ser substituída pela unanimidade nacional nos partidos daquilo a que chamam “arco do poder”. Uma espécie de suspensão da Democracia da Manuela Ferreira Leite mas em versão light. O que for escolhido pelo voto não interessa para nada porque tudo está já combinado e o apoio parlamentar na Assembleia garantido. Ganhe quem ganhe, ganha o FMI.
Gritos 4
Estranha forma de democracia
Muitos têm falado a favor da nomeação de um governo de Salvação Nacional patrocinado pelo Silva de Boliqueime que vai fazendo de conta que conta para alguma coisa chamando, “para ouvir” a Belém tudo quanto é gente. Dos partidos aos independentes, dos banqueiros aos industriais, dos patrões aos sindicatos, e até uma coisa chamada de “Compromisso Portugal” que se costuma reunir lá para os lados do Beato quando lhes cheira a possibilidade de darem mais uma dentada nos dinheiros do Estado. Este compromisso, que sempre se preocupou mais com o aumentar os lucros que com o país vem agora armado em defensor de Portugal e também eles apelar a um governo de inspiração cavaquista que junte toda a direita, do Ps ao CDS, num enorme desígnio nacional. Isto, mesmo estando marcadas eleições para Junho, retirando todo o valor à vontade nela expressa pelos portugueses. Até mesmo esta Democracia de fachada que temos os parece incomodar e não me posso deixar de lembrar das palavras da Manuela Ferreira Leite quando nos propôs uma suspensão da democracia. Assim, valeria sempre mais a palavra de um qualquer grupo de “Vampiros”, que ninguém escolheu ou passou procuração que a escolha de qualquer eleição.
O 25 de Abril dos Mercados
Do Canto Livre à tanga do tango
Provavelmente a maioria dos que me visitam e vão ler este post já nasceram depois do 25 de Abril de 1974. Isso nada tem de especial e é só uma consequência da inexorável passagem do tempo, mas isso talvez faça com que muitos não entendam porque outros tanto falam dele com tanto carinho e um sentimento tão forte. Eu que o vivi gostava de o poder transmitir mas isso é uma tarefa impossível para mim que não tenho nem a arte nem o engenho para tal tarefa. Só posso dizer que representam um dos dias em que nos sentimos mais felizes nas nossas vidas. Em que realmente acreditámos que a liberdade existia, que um mundo diferente era possível, em que as coisas não tinham de ser sempre como sempre tinham sido. Cada dia era um dia em que o amanhã era sempre desconhecido e novo, cheio de possibilidades e de esperanças. Foi o dia em que todo um povo cantou, não porque os outros cantavam, mas porque tinha vontade de cantar.
Hoje isso pouco ou nada vale e só alguns o ainda o revivem assim nas suas memórias, hoje temos um Cavaco em Belém, um aldrabão em São Bento, um deslumbrado pelo poder na Lapa e o FMI na Praça do Comércio. Hoje a juventude já se foi e ficou a impossibilidade de voltar a acreditar em alguém ou nalguma coisa. Resta a esperança que algo possa mudar, que algo possa melhorar, embora o caminho que percorremos não ser esse, e a certeza que nunca deixarei de acreditar na liberdade. Este mundo pode não estar preparada para ela, mas acredito que um dia alguém ainda a poderá desfrutar em toda o seu esplendor. Eu só lhe senti o cheiro durante algum tempo e nunca mais a esqueci.
A Ressurreição
Boa Páscoa para todos
Com a saúde não se brinca
Não tivesse sido reproduzido nas rádios e televisões e nunca teria visto as “pindéricas” imagens da comunicação ao país do Passos Coelho e da sua companheira que foram publicadas na página do PSD e nas suas páginas do facebooks e blogs, porque não frequento locais de tão má fama. A imagem da Laura a mostrar os dentes em primeiro plano com o Coelho a falar em segundo, sentados naquele sofá vermelho, é totalmente surrealista. Quanto ao som, é patético ver o esforça que agora tenta fazer para tentar desdizer a primeira coisa que disse quando foi eleito líder, de que iria “privatizar” o Serviço Nacional de Saúde. Já percebeu que se há coisa em que os Portugueses não aceitam perder é o Serviço de Saúde que têm e que foi e ainda é uma das maiores conquistas que ainda restam do 25 de Abril. Podem aumentar impostos, reduzir salários, servirem-se dos dinheiros públicos, que os portugueses aguentam tudo. Mas, com a saúde não se brinca, e quem brinca perde as eleições.