Este é o ponto 7 do novo Estatuto Editorial do Jornal Expresso. Tem lá mais coisas engraçadas, mas este ponto sete é elucidativo e faz-nos pensar até que ponto chegou a comunicação social, quando um jornal de referencia assume não se reger por critérios jornalísticos, condicionando-o ao político.
Felizmente que há muito deixei de comprar este jornal, mas sabemos que um canal de televisão generalista, a SIC, e um canal somente dedicado a noticias, a SIC Noticias, têm o mesmo patrão, e esse patrão é o executivo dos Bilderberg em Portugal. E, quando olhamos à volta não vemos melhor porque sabemos que cada jornal e cada televisão têm uma agenda política própria.
Seja por omissão ou por manipulação aquilo que nos informam não são factos, mas a visão em que querem que acreditemos. A comunicação social engana e há muito que perdeu a sua função de informar para ganhar a de criar verdades e formatar opiniões. O pior é que funciona e o conseguem fazer com relativa facilidade, como a realidade demonstra.
Arquivo de Junho, 2011
Lembro-me de ouvir o actual Presidente da Republica falar da importância da enorme zona marítima de Portugal para o futuro do país, mas não o vi mexer uma palha para tentar salvar os Estaleiros de Viana de Castelo. Ainda recentemente o ouvi falar da necessidade do regresso à terra e de o interior do pais ser de novo repovoado, mas não o ouvi criticar ou contestar o desejo de serem abandonados mais de 800 km de linha de caminho de ferro que o servem. Ontem falou do dever patriótico de passarmos a consumir produtos portugueses, em detrimento dos comprados ao estrangeiro, mas quem viu na televisão a urgência como milhares de quilos de tomate a eram apanhados para chegarem ao aterro onde seriam destituídos, a tempo de poderem reclamar o pagamento de indemnizações, tudo parecem palavras vãs.
Acredito que no mar há um futuro, que um novo povoamento é possível e que consumir aquilo que produzimos é necessário, mas isso só pode ser feito se forem criadas as condições e as políticas mudarem radicalmente. Palavras levas-as o vento.
A herança
Mário Soares afirmou que “O PS tem de ser refundado de alguma maneira, tem de ser melhorado, tem de discutir política a sério e tem de ter política a sério e grandes ideias para o futuro”. Em relação às eleições para a liderança do PS, Soares reafirmou que não toma partido por nenhum dos candidatos.A minha memória já não é o que era, mas ainda me lembro que quem meteu o socialismo na gaveta foi ele. Concordo que o PS actual pouco ou nada tem do original, mas quem primeiro lhe retirou a identidade e a ideologia foi o próprio Mário Soares. Não adianta chorar sobre leite derramado assim como quando afirma que «A Europa é uma vergonha, porque não tem líder à altura da situação. O que estão a fazer à Grécia é uma vergonha, porque a Grécia é a pátria e a inventora da democracia, da ciência e da cultura» não se pode esquecer que esta Europa e estes lideres são a resultante das políticas de que foi responsável e da sua falta de visão para ler os tempos que se aproximavam. Sei que é necessário uma mudança radical na forma de pensar a política, transferindo a sua principal função do economicismo para as pessoas, sei que seria importante que um Partido grande como o PS estivesse do lado dessa mudança, mas também sei que não é com ele que posso contar para a conquistar. Basta olhar para os candidatos à liderança de um Partido que se chama de Socialista, em que um pactuou com o reinado do Sócrates e outro se diz defensor do capitalismo-ético.
Talvez por castigo, o Mário Soares anda vive para ver no que se tornou a sua obra política, quer em Portugal, quer na Europa.
A luta celestial socialista
A luta pelo poder no PS lá continua, monótona e sem grande furor mediático. Com um governo de maioria parlamentar nem parece ser muito importante saber quem ira ajudar a cumprir com o “contrato” com a troika. Se aí não há grande diferença apostam em mostrar qual dos dois está mais interessado na abertura à sociedade e a um alargamento da democracia interna.
Do Francisco Assis, já estava farto desde os tempos do reinado Sócretino e do outro temos que me venha a fartar ainda mais depressa. É só a mim que dá sono quando ele fala?
O Ministro artesanal
No momento que escrevi este post, andei à procura de actos do governo que mais urgência teve para tomar posse. Procurei e só encontrei a de que o Ministro da “guerra” estaria preocupado com a situação que se vive nos Estaleiros de Viana e uma visita do novo Ministro da Economia à Feira Internacional de Artesanato e antes de presidir à cerimónia de inauguração do certame, o ministro da Economia visitou vários ‘stands’, aconselhando todos os artesãos e criadores a destacarem a “marca Portugal” nos seus produtos. “Uma bandeira portuguesa aqui, está bem? Assim são duas grandes marcas juntas, a da Madeira e a de Portugal”, disse ao visitar um ‘stand’ de bordados da Madeira, que tinham um pequeno selo da região autónoma. Também disse que “É óbvio que todos sabemos que vêm aí tempos difíceis, mas também é óbvio que há uma nova maneira de conseguirmos dar a volta e eu acho que todos nós, apesar de conscientes das dificuldades, percebemos que há uma nova esperança em Portugal”, acrescentou Álvaro Santos Pereira. E também disse “prefiro que me chamem Álvaro do que me chamem ministro”. Para um Ministro Importado do Canadá não me parecem afirmações que me criem grande espectativas, mas como já não as tinha não me dececionou. Parecia-me bem mais importante que ele não só mostrasse preocupação como o outro Ministro, mas já estivesse a fazer alguma coisa para impedir que o último dos nossos Estaleiros Navais de acabe como a Lisnave.
O vingador banqueiro
“Este e mais um dia de audições do caso em que sete antigos gestores do maior banco privado português foram acusados de falsificação de contas e informação falsa. Jardim Gonçalves foi quem teve um castigo mais elevado. O banco de Portugal decidiu que o ex presidente do BCP não pode exercer funções na área durante nove anos e obrigou ao pagamento de um milhão de euros.”Para Jorge Jardim Gonçalves «houve todo um processo cientificamente dirigido» por parte do governo de José Sócrates e dos reguladores dos mercados para tomar controlo do Millenium bcp. O objectivo era resolver «dois grandes problemas»: o BPP e o BPN. Em entrevista ao «Correio da Manhã», o ex-patrão do maior banco privado nacional aponta o dedo a José Sócrates e ao seu ministro das Finanças, Teixeira dos Santos; a Vítor Constâncio e a Carlos Tavares, governador do Banco de Portugal e presidente da CMVM, respectivamente.
Mal mudou o governo e já saem dos seus buracos os acusados de corrupção crimes para passar a culpa para outros. Não defendo os Sócrates, Constâncios ou Teixeira dos Santos, mas também não defendo esta gente que andou a abusar do país e de todos nós, sobretudo quando andamos todos de tanga muito por causa deles. Pague esta raça tudo o que roubou e os prejuízos que causou ao país e acusem-se todos aqueles que nos governos lhes abriram as portas e lhes facilitaram a tarefa.
Viagens low cost ministrial
O Passos Coelho não desejou voar para a Cimeira Europeia em Classe Executivo e embarcou em classe económica. Os jornais lá foram descobrir que isso nada poupa ao estado já que as viagens governamentais são oferecidas pela TAP. Desta vez até vou dizer bem de uma decisão do Passos Coelho, não pelo que poupa, mas pela imagem que passa. Se isto for o exemplo que vem de cima, se a poupança em mordomias e luxos for para aplicar ao próprio Passos Coelho e em todo o Estado, se isto se generalizar seria bom e positivo. Temo é que seja como da última vez de um governo PSD/CDS, em que o Paulo Portas decidiu viajar num C130 militar para poupar o dinheiro da viagem. Uma vez sem exemplo, que depois tudo voltou ao que sempre foi e o exemplo não passou de propaganda populista.
Isso se a política deste governo ainda nos aumentarem a despesa na área das viagens. Basta privatizar a TAP e lá se vão as viagens de borla e lá vai o estado ter nova despesa.
O Terror periférico
O Passos Coelho foi à Cimeira Europeia prometer que Portugal vai cumprir na plenitude com o Plano da Troika sem protestar ou contestar e o George Papandreou que aceita, para a Grécia, o novo plano de austeridade imposto e que o pretende cumprir. Fizeram-me lembrar aquelas horríveis personagens dos filmes se satisfazem a espalhar o terror. E, as vitimas também somos nós.
Playback
Durão Barroso, o presidente da Comissão, disse hoje que o novo primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, deixou em Bruxelas uma “boa impressão” entre os líderes, deixando “uma mensagem que os outros lideres gostavam de ouvir e quiseram ouvir”, afirmou BarrosoPelos vistos basta, baixar a cabeça e dizer aquilo que eles querem ouvir para se deixar uma boa impressão. Porque será que a mim isso só deixa uma enorme “má impressão”.
O mar português
Os Estaleiros de Viana do Castelo vai despedir 380 dos seus 720 trabalhadores. Com 200 milhões de euros de passivo e um prejuízo de 40 milhões em 2010, dizem ser a forma de salvar o Estaleiro. Para ajudar à festa, o Presidente da Administração demitiu-se após ter sido vitima de insultos por parte dos trabalhadores. Assustados assistimos ao descalabro do pouco do bom que ainda resta do sector produtivo do país, mas agora temos os super-ministros do CDS que vão aparecer e resolver o problema. Ou não vão?
Lembro-me de ver o Portas, quando foi ministro na sua anterior passagem pelo poder, falar das soluções para o Estaleiros, uma infraestrutura essencial para o país. Lembro-me de ver o Presidente, o CDS e toda a nossa classe comentadora falar do nosso grande Mar, esse enorme espaço inexplorado onde se aloja o futuro do planeta. Um enorme mar, vazio de barcos portugueses por não os termos. Temos uns Estaleiros com problemas por falta de trabalho e o país necessita de barcos. Junta-se a fome com a vontade de comer, não podia ser melhor. Os Estaleiros fazem os barcos que o mar deste país necessita. Ou vão mesmo mais 320 trabalhadores para o desemprego e todos continuar a falar da enorme oportunidades, tão grandes como o mar português.
A Educação do Santana Castilho
Agora o Santana Carrilho, já escreve:
Nuno Crato é um notável divulgador de ciência e um prestigiado professor de Matemática e Estatística. Em minha opinião, o merecido prestígio intelectual que a sociedade lhe outorga foi trazido a crédito incondicional como político da Educação. No mínimo, o juízo é precipitado. Permito-me sugerir que leiam a sua produção escrita sobre a matéria. Que ouçam, com atenção, e sublinho atenção, a comunicação apresentada em 2009 ao “Fórum Portugal de Verdade” e as intervenções no “Plano Inclinado”. Os diagnósticos não me afastam. Os remédios arrepiam-me. Nuno Crato é um econometrista confesso, que repetidas e documentadas vezes confunde avaliação com classificação. Nuno Crato pensa que se mede a Educação como se pesam as batatas e que muda o sistema de ensino medindo e examinando. E não mudará. Ou muda ele ou não muda nada. Fico surpreendido como os professores deixam passar com bonomia a hipótese, admitida, de contratar uma empresa privada para fazer os exames ou a intenção, declarada, de classificar os professores em função dos resultados. Estes dislates patenteiam pouco conhecimento sobre as limitações técnicas dos processos que advoga e uma visão pobremente parcial sobre o que é o ensino. Nuno Crato, que muitas vezes tem sido menos cauteloso ao apontar o indicador às ciências da Educação, tem agora o polegar da mesma mão virado para ele. Espero que não se entregue às ciências ocultas da Economia para redimir a Escola pública.
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Texto completo “AQUI”
Ou se enganou, foi enganado ou enganou os professores. Ajudou a crescer a árvore onde será enforcada a sua carreira.
A trajédia da Tormenta
Passos Coelho afirmou que vem aí uma tormenta como nunca vimos desde 1974, enquanto o Presidente diz que falhar seria dramático e que vão ser pedidos aos portugueses. possivelmente, os maiores sacrifícios desde que foi instaurada a democracia. Curiosamente quem o diz é o mesmo personagem que ainda há meia dúzia de meses dava recados ao Sócrates de que os portugueses não podiam ser sujeitos a mais sacrifícios. Que eu veja o que mudou de lá para cá foi o nome do Primeiro-ministro e a cor do partido de governo e isso já liberaliza os sacrifícios, mesmo que muitos economistas por todo o mundo afirmem que a forma como a Alemanha está a tratar os problemas dos países periféricos e endividados só pode conduzir a uma desgraça ainda maior. (Basta ver a Grécia). Eles sabem que é verdade e nada fazem para mudar de rumo, entram pela Tormenta sabendo que o naufrágio é inevitável.
Como dizia o Para Negra num comentário no blog “Zé Povinho“, “Quanto aos nossos políticos ainda não percebi de eles não sabem o que fazem ou se, pior, sabem muito bem o mal que estão a fazer! Não me parecem burros, parecem-me mais porcos!
As tormentas que se anunciam
Pedro Passos Coelho tomou hoje posse como primeiro-ministro do XIX Governo Constitucional, propondo ao país “um novo pacto de confiança”. No discurso preparado para a cerimónia do Palácio da Ajuda, antecipou “mais tormentas”.
Para responder à “estagnação económica” de Portugal, Pedro Passos Coelho anunciou a implementação, a breve trecho, de “um Programa para o Crescimento, a Competitividade e o Emprego, que ataca os bloqueios à produtividade e à iniciativa empresarial e que aposta nos setores dos bens transacionáveis”. Por outro lado, haverá medidas de “desvalorização fiscal” para consubstanciar “uma aposta decisiva na reaquisição de competitividade externa”, uma vez que “é urgente reduzir os custos de contexto” e “acentuar a intensidade concorrencial”. Haverá também um “Programa Nacional de Poupança” com “o intuito de elevar a taxa de poupança par reduzir o endividamento das famílias e das empresas”. O Programa incluirá, segundo Passos Coelho, “um esforço de atração das poupanças dos portugueses que vivem no estrangeiro, travando assim a dependência extrema e insustentável da económica nacional relativamente ao financiamento externo”.Isto foram coisas que ele disse, o que eu ouvi foram mais sacrifícios. A estratégia parece passar por reduzir o custo com o trabalho aos patrões, aumentar mais os impostos para quem trabalha. Para resolver o problema da nossa dependência externa aposta-se no dinheiro dos emigrantes. Mais do mesmo que só pode vir a dar mais do mesmo, sobretudo agora que com uma emigração mais qualificada, mais disposta a instalarem-se de vez lá fora e sem a mesma disponibilidade de enviar dinheiro para casa. O barco já mete água por todos os lados, vêm ai mais tormentas e este timoneiro com esta navegação só nos pode conduzir ao naufrágio certo.