A desunião da esquerda é uma história longa de mais de 38 anos, para não ir mais longe. Tivesse havido uma base de entendimento entre todas as esquerdas e esquerdinhas que surgiram no pós-25 de Abril e talvez nunca tivesse sido possível um 25 de Novembro. Desgastaram-se mais a lutar uns contra os outros que a derrotar aqueles que, de então até hoje, têm vindo a destruir o país.
Eu que tenho andado em muitos movimentos sociais e plataformas sempre senti da parte do PCP uma relutância a qualquer união, tendo sempre para contrapor uma qualquer organização interna mesmo que para isso a tenham de ressuscitar de uma longa inactividade. Lembro-me do caso da Pagan em que foram recordar uma qualquer estrutura cuja página na Internet não tinha nenhuma noticia há vários anos ou agora com os desempregados em que aconteceu exactamente o mesmo. Quem se desejar juntar e submeter a eles é bem vindo, quem desejar ter voz própria é para derrubar. Mas o Bloco não se fica muito melhor pois tem sido visível a sua tentativa de por um lado criar as suas próprias organizações satélites por outro tentar infiltrar-se e controlar as que se criam fora da sua esfera partidária.
Mas, este post nem era para falar disto mas sim do acordo alcançado entre Bloco e PCP para a apresentação de, não uma como deveria ser, mas duas moções de censura. É bom que tenham falado e que haja um acordo mínimo que pelos vistos passa só pela data da apresentação, porque dai para a frente é cada um com a sua porque a minha é sempre melhor que a tua. Mas é bom que tenham falado uns com os outros mesmo que o PCP se mantenha na sua de “nós, nós nós”, (para não dizer orgulhosamente sós o que seria demasiado ofensivo pelo peso que esta frase tem e por ter sido proferida por quem foi), e o bloco continue a tentar juntar os cacos de alguns anos de desnorte e de disparates. É bom que tenham falado porque enquanto falarem não se andam a combater o que já é uma avanço quando há um inimigo comum para derrubar. Bom seria que uma das moções fosse mais soft e não recusasse o memorando da Troika (o que me custa estar a escrever isto), para não dar ao PS a possibilidade de se desculpar por não votar contra com os compromissos que assumiu.
Estas moções estão derrotadas à partida pois existe uma maioria na Assembleia que as vai chumbar e um PS que não as vai aprovar, mas na verdade se há um governo que merece ser severamente censurado e apeado do poder é este. Saúde-se o dialogo entre o PCP e o Bloco pois juntos serão sempre mais fortes.
03
Out
12
«…Bom seria que uma das moções fosse mais soft e não recusasse o memorando da Troika (o que me custa estar a escrever isto), para não dar ao PS a possibilidade de se desculpar por não votar contra com os compromissos que assumiu….» diz o Kaos
Será o Kaos ingénuo?
Quantas vezes o PS votou contra as suas próprias propostas conforme está fora ou dentro do governo?
Lembram-se do Pacote Laboral do Bagão que Sócrates jurou retirar logo que fosse governo e depois manteve e piorou? Lembram-se da taxação das operações da Bolsa, com o PS a votar contra a sua proposta de 2004 em 2005 – exactamente o mesmo texto – (apresentada por PCP e BE intencionalmente)?
Portanto se houvesse a tal “moção SOFT”, o PS votaria contra em nome da “ESTABILIDADE”, o termo político usado para se aceitar tudo.
Acho bem que ambas as organizações apresentem a sua própria moção, para além de terem identidades diferentes, são-no também na componente ideológica e programática, claro que isto não invalida que ambos são neste momento a única oposição parlamentar de ESQUERDA em Portugal. O PS, desde que Mário Soares meteu o socialismo na gaveta está refém do capitalismo vs imperialismo e os vários sucessores nada fizeram para alterar.
Apesar de no actual quadro burguês, as moções de censura em dada alterarão a caminhada da direita para implementar políticas de extermínio, as mesmas servirão pelo menos para vincar as posições de BE e PCP, isto apesar, de em minha opinião, as LUTAS de 15 e 29 de Setembro, terem feito mais mossa no sistema vigente.
Abraço