06
Abr
12

Das mentiras do Macedo ao beijo de Judas do Filipe

Desculpem lá voltar ao assunto da carga policial que aconteceu no Chiado no dia da Greve Geral, mas fico chateado quando há gente a partir cabeças à minha volta de pessoas que simplesmente estavam ali a exercer o sei direito de cidadania, seja a tomar uma bebida numa esplanada, passear, ver montras ou manifestar pacificamente o seu desagrado contra o vergonhoso sistema que enriquece alguns à custa da pobreza de todos os outros. Agora para comentar a visita do Ministro ao “paralamento”. «Não houve uma intervenção gratuita no Chiado», disse Miguel Macedo aos deputados da comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. «Só depois de estar instalada uma situação de desordem pública» e dos manifestantes terem «provocado» e «praticado agressões aos agentes de autoridade» é que polícia interveio. «Quando foi forçada a intervir fê-lo de forma legítima em reacção às agressões e para repor a ordem pública», «nos termos da lei». «Não é o excesso de um, dois, três ou quatro agentes, que tiveram um comportamento desadequado que deve desmerecer o comportamento da PSP».

Chateia-me que este Ministro, a quem a minha companheira já há muitos anos dizia lembrar-lhe a cara de um nazi, vir fazer afirmações falsas, sabendo eu que são falsas porque estive lá e vi e até pelos vídeos que já correm a net, e atirar com todas as culpas para as costas de dois ou três policias que tiveram o azar de ser filmados em acções de violência gratuita e dois dos atingidos serem jornalistas. Fico sem saber se o castigo é por terem abusado da violência ou se por se terem deixado filmar a praticá-la.
Mas não fica por aqui, Miguel Macedo esclareceu ainda que os acontecimentos no Chiado surgiram numa manifestação que nada teve a ver com o desfile organizado pela central sindical CGTP. Segundo o ministro, a manifestação da CGTP decorreu sem incidentes.
Podia discordar relembrando também as cabeças partidas pelos gorilas da segurança da CGTP entre o grupo dos precários que tiveram a ousadia de tentar entrar na praça de São Bento, mas prefiro as afirmações do Deputado António Filipe que disse que não se poder responsabilizar apenas um agente, considerando que a intervenção no Chiado foi «particularmente» infeliz, porque as imagens percorreram o Mundo. Porém, sublinhou que não punha «as mãos no fogo por alguns manifestantes».
Primeiro não me parece que para um deputado de um partido que viveu a clandestinidade, a perseguição, a falta de liberdade e de democracia, fique bem considerar que aquilo que aconteceu no Chiado só é particularmente infeliz por haver imagens a correr o mundo. Não, isso não foi o mais grave, o mais grave foi o ter acontecido. Talvez para o deputado que não gosta de ver movimentos sociais independentes a desmascararem a inócua contestação social que mais não parece desejar que retirar a pressão à panela para que tudo fique como está. Talvez o deputado não ponha as mãos no fogo por alguns manifestantes, mas eu por si também não ponho as minhas e muito menos o meu voto.

 


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